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Em 2019, a América Latina sediou complexas tensões políticas e sociais que levaram a jornalista Sylvia Colombo a descrevê-las aos brasileiros em O ano da cólera. O livro é objeto deste estudo, que tem como propósito observar a construção da narrativa jornalística criada pela autora. Para tanto, o trabalho promove discussão a respeito dos quadros latino-americanos mediante o estabelecimento de conexões entre a narrativa do livro e outras obras, como As Veias abertas da América Latina (GALEANO, 1979) e A nova América Latina (CALDERÓN; CASTELLS, 2021). Uma revisão bibliográfica dos conceitos de livro-reportagem, a partir de Belo (2006) e Lima (2009), e “livro de repórter” (MAROCCO; ZAMIN; SILVA, 2019) também é empreendida, momento em que é possível perceber, no livro de Colombo, características atribuídas às duas definições. Dito isso, o estudo avança para a análise de fato da narrativa de O ano da cólera, por meio da análise pragmática da narrativa jornalística (MOTTA, 2005). A partir dos seis movimentos da metodologia, identifica-se os conflitos que estruturam as narrativas que compõem o livro, a chilena, a boliviana, a venezuelana, a argentina, a uruguaia e a latino-americana, bem como os personagens que estão distribuídos em torno destes conflitos e a forma como são construídos por Colombo. A construção dos atores se dá por meio de escolhas da autora no que diz respeito às maneiras como são referidos no texto, ação que atua diretamente na orientação do leitor. O método observa ainda outras estratégias empregadas por Colombo na criação da narrativa, como a retomada de fatos históricos e o uso de citações e estatísticas, todas com o intuito de dar maior credibilidade ao relato. O ato comunicativo realizado entre a autora e o leitor também é alvo de atenção, cujo formato, aliás, indica que Colombo deseja prestar informações ampliadas sobre os fatos. Por último, a análise pragmática identifica as metanarrativas culturais reforçadas em O ano da cólera. Motta (2005, p. 15) entende que o jornalismo fortalece narrativas ao apresentá-las todos os dias. O livro, ainda que seja aperiódico, é um produto jornalístico e atesta a crise institucional da América Latina, fator para o qual apontam Calderón e Castells (2021).; |