Resumo:
Um dos grandes desafios contemporâneos para mitigar as emissões de CO2
na atmosfera terrestre é a produção de cimentos de reduzida emissão desse gás
causador do efeito estufa. Portanto, buscando a redução da utilização do clínquer no
cimento novas alternativas são testadas, dentre essas, o estudo de composições
ternárias, como o LC3. É muito abordado o uso do calcário calcítico, mas muito
pouco falado sobre o uso do fíler calcário dolomítico, devido a hipótese de que o
magnésio presente cause impacto negativo. Dessa forma, buscou-se investigar a
hidratação de composições ternárias compostas com fílers carbonáticos de
diferentes mineralogias e argila calcinada oriundos da região amazônica. A
composição utilizada está de acordo com a literatura, sendo 50% de clínquer, 5% de
gipsita, 30% de argila calcinada e 15% de calcário. Foram confeccionadas pastas
com três tipos de carbonatos para as devidas comparações. Tendo em vista o clima
nos Estados da Amazônia Legal, e seu efeito na temperatura da hidratação do
cimento, as pastas produzidas foram curadas em temperaturas de 21 °C e 60 °C, e
testadas por 7, 28 e 91 dias de idades. Os resultados mostraram que o magnésio
em excesso tende a reagir na composição com a alumina do cimento, formando
produtos como brucita, em ambas as temperaturas, porém com formações mais
evidentes na temperatura de 60 °C, conforme DRX. Quando misturados magnésio e
alumina em excesso, a portlandita tende a ser toda consumida, podendo acarretar
em problemas na resistência à compressão. A pasta contendo carbonato de
magnésio e cimento demonstrou ser o cenário ideal com relação à quantidade de
magnésio e alumina para formação de hidrotalcita em ambas as temperaturas de
cura, sendo mais intensa à 60 °C. O calcário dolomítico utilizado no LC3 mostrou
resultados similares ao calcário de referência, usualmente empregado como calcário
calcítico, com resultados de resistência à compressão acima de 30 MPa, sem
formação de brucita, hidrotalcita ou taumasita, com curvas de calorimetria,
termogravimetria e fases de produtos hidratados semelhantes entre si. Diante do
estudo realizado, é possível afirmar que, o calcário dolomítico tem potencial para ser
utilizado como fíler dolomítico no LC3, nas condições de contorno desse estudo.