Abstract:
Os entes governamentais devem buscar o bem-estar da população e o crescimento econômico é uma variável que pode proporcionar esse efeito. Por isso, entender a relação entre a expansão do crédito bancário e a variação do PIB tem sua importância empírica a fim de proporcionar diminuição da pobreza, melhoria na qualidade de vida e dar ferramentas de ataque contra a miséria humana. A relação entre oferta de crédito e crescimento do produto vem sendo estudada através de uma teoria conhecida como “finance-growth nexus”, que preconiza a qualidade e relação entre o desenvolvimento financeiro e crescimento econômico, sendo muitas vezes usado o crédito agregado como variável de interesse e representando a intermediação financeira (KING e LEVINE, 1993; BECK et al., 2000; KOOP et al., 2000; LEVINE, 2005; BECK et al. 2014b). O presente estudo buscou verificar, empiricamente, a relação entre crédito bancário e crescimento econômico brasileiro no período de 2005 a 2016. Para alcançar esse objetivo foram elaboradas 3 hipóteses da relação individual entre as seguintes variáveis explicativas: crédito total agregado, crédito destinado às pessoas físicas e crédito destinado às pessoas jurídicas, com a variável dependente PIB per capita, usando variáveis socioeconômicas como controle. A amostra é inédita, extraída dos relatórios do Banco Central do Brasil e composta por dados regionais separados pelo Código de Endereçamento Postal (CEP), com a utilização de modelagem de dados em painel. Os resultados mostraram uma associação positiva entre crédito bancário e o PIB per capita, na modalidade crédito total agregado e no modelo de crédito destinado às pessoas jurídicas. Os resultados da hipótese H2, referente ao impacto da modalidade de crédito pessoa física no produto, constituem-se numa contribuição inédita nesse campo de estudos.
Enquanto investigações anteriores obtiveram uma correlação negativa, a presente investigação confirmou uma correlação positiva (H2.1) entre crédito à pessoa física e crescimento per capita do PIB. Esse achado diferente pode contribuir para a teoria, pois estudos internacionais (BECK et al., 2014; JAPELLI e PAGANO, 2014; SASSI e GASMI, 2014; LEON, 2016) apresentaram fortes evidências sobre uma relação negativa entre crédito pessoa física e crescimento do PIB per capita. Essa evidência contrária é relevante e constitui uma contribuição ao desenvolvimento da teoria, pois pode ser associada à expressiva expansão do crédito pessoa física ao longo das últimas décadas que, com o fim do período hiperinflacionário, viabilizou o crédito direto ao consumidor, o financiamento habitacional, de bens duráveis e veículos, além do desenvolvimento do crédito consignado vinculado ao rendimento da pessoa física. Ainda, como teste de robustez, foi agregada variável pioneira na literatura, que engloba o crédito pessoa jurídica e os recursos alocados em crédito imobiliário e crédito agropecuário da pessoa física, corroborando com o resultado das hipóteses estruturadas ex ante.