Resumo:
Esta tese busca tensionar a visão de mitigação das incertezas presente nos métodos de construção de cenários em design. O objetivo é propor um método narrativo imaginativo-especulativo de construção de cenários como parte de um agir processual em design que instiga o projetista a explorar e experienciar outras leituras de mundo pelas narrativas ficcionais, em especial, pautadas pelo gênero Ficção Científica. A relevância desta abordagem está na busca de inovação metodológica, em que a processualidade não é motivada por mundos possíveis ou por especulações que se ancoram à necessidade de tornar as visões de futuro plausíveis de materialização. Pensar o futuro próximo ao limiar literário o torna um artifício para explorar os caminhos que são construídos no decorrer da experiência pela narrativa, cujas consequências são oportunidades para obter outras leituras de mundo. O método de pesquisa é marcado por dois movimentos, um primeiro teórico que visa aprender com a revisão de literatura e construir um primeiro enquadramento teórico que orienta, mas não aprisiona, os caminhos desta tese. E, um segundo, concomitante ao primeiro, pautado pela pesquisa-ação, cuja natureza exploratória e qualitativa da pesquisa é abordada como um processo cíclico de aprendizagem e evolução para o método de design. Os ciclos de pesquisa-ação seguem três procedimentos: um momento de reflexão sobre o ciclo anterior e planejamento para a ação prática; um momento de atuação no workshop para a construção de narrativas, que conta com designers e não-designers; e um último de feedback destinado aos questionamentos finais sobre as percepções dos sujeitos. O segundo procedimento de cada ciclo, o workshop, é tratado pela análise de protocolo. Ao final da pesquisa, descobre-se que narrar em mundos ficcionais não é uma experiência tão facilmente obtida. Os projetistas precisaram de auxílio para se desprender da ancoragem linear e racional que permeia o processo de construção de cenários. Como resultado, além da proposição do método que enfatiza em seus momentos a metáfora do viajante que constrói caminhos ao caminhar, também foram criadas ferramentas tais como cartas especulativas que contribuem para que os projetistas se permitam imaginar e especular com a Ficção Científica. Ficcionalizar gerou um processo interpretativo entre mundos e permitiu re(pensar) as experiências prévias dos projetistas por meio da linguagem simbólica.