Resumo:
Vieses inconscientes, baseados em preconceitos e estereótipos, formam barreiras invisíveis que dificultam o avanço de mulheres nas corporações. Os vieses inconscientes não são intencionais, mas prejudicam a carreira de mulheres e reduzem a chance da equidade de gênero. O presente estudo busca elucidar quais os desafios para a equidade de gênero na área tributária no Brasil e quais os vieses das organizações a serem superados para que, em conjunto com a criação de metas, políticas, ações e de um ambiente inclusivo, possa-se reduzir os obstáculos das mulheres que atuam na área tributária para que estas cheguem nas mais altas posições de liderança. Para tanto, foram realizadas entrevistas com cinco mulheres já em cargo de diretoria, head de tax ou sócia de Big Four, a fim de se compreender o processo de crescimento profissional dessas gestoras na área tributária e verificar elementos em comum manifestados nas trajetórias dessas profissionais, bem como através da revisão da literatura sobre o tema, comparar os resultados das entrevistas com o que consta na literatura especializada até o momento. Além disso, foi realizado um workshop com o objetivo de projetar soluções para minimizar os desafios e impulsionar a liderança de mulheres na área tributária a partir da percepção das mulheres participantes. Participaram do workshop 6 mulheres de diferentes níveis de senioridade. Um ponto de destaque com relação aos resultados da pesquisa, é que mesmo as entrevistadas não considerando que exista o estereótipo do “homem-líder” na área tributária, relatam que percebem o isolamento no ambiente de trabalho, em que são as “únicas”, nas salas de reuniões, por exemplo, como uma grande dificuldade no seu dia-a-dia. Isso porque apesar de na área tributária já existirem muitas mulheres, inclusive gerentes e diretoras, no ambiente corporativo em geral, esta não é a regra, perpetuando-se as microagressões. No workshop ficou claro que a síndrome da impostora ainda é um obstáculo para as mulheres, assim como a falácia de “ter que dar conta de tudo”. Por outro lado, foram sugeridas ações como estabelecimento de metas para os líderes, com a respectiva divulgação dos resultados, assim como treinamentos e workshops para desenvolver as habilidades de liderança das mulheres, dentre elas, o autoconhecimento e autoconfiança.