Resumo:
Catálogo configura-se como um termo relativamente genérico no sistema da arte e à medida que é publicado passa a ser estático e temporal. Porém, a processualidade da catalogação permite um espaço para a abertura ao invés do fechamento do catálogo. O questionamento que motivou o estudo partiu da necessidade de compreender, pelo Design estratégico, o papel do catálogo, da catalogação e da narrativa no atelier de um artista. Portanto, o objetivo desta pesquisa é o de propor, pela experimentação em Design estratégico, práticas de catalogação que, ao promoverem situações de abertura, fomentem o artista e revelem o legado sociocultural. Para tanto, quatro modos construíram o método de pesquisa do estudo, esses são: o 1. modo problematizando; o 2. modo referenciando e conceituando através de uma pesquisa bibliográfica e documental posicionadas em tonalidades teóricas e conceituais do estudo; o 3. modo participando, que levantou questões por práticas de experimentação em Design estratégico, associadas à observação participante e revisão documental (física e digital) e o 4. modo interpretando, em que os resultados obtidos, levados a um nível de abstração, foram interpretados e discutidos. Três artistas plásticos participaram das experimentações propostas como espaços de abertura. Para Lou Borghetti foram propostas duas práticas de catalogação a partir do arquivo do atelier especulando em relação à participação do público através do Instagram. Ao final das práticas conseguimos catalogar 17 obras contando com informações enviadas por seguidores da rede social. Para Ana Peña foi proposta uma prática de elaborar um portfólio anotado com obras guardadas da artista para observar o seu processo de catalogação especulando sobre a construção de um legado. Foram catalogadas 178 obras da artista, que conseguiu visualizar, durante a prática experimental, a cronologia do seu trabalho e o seu legado. Para Rogério Pessôa foi proposta uma prática de catalogar seu trabalho tomando como base as fotos feitas por ele que estão na nuvem e as postagens no Instagram em um esforço especulativo para sensibilizar o artista em relação à possibilidade de fomento que a catalogação permite. O artista organizou mentalmente e esquematicamente os tipos de soluções plásticas que utiliza e criou uma solução enquanto realizava a prática experimental. Foram propostos três espaços que se abriram durante a pesquisa: os Espaços Relacionais (em que os movimentos dos ethos dos artistas são sintetizados), O Espaço de ambivalência (em que as metaprocessualidade da experimentação em Design estratégico sinalizam suas aberturas) e os Espaços narrativos (em que os artefatos das experimentações se encontraram com os demais espaços). Nestes deslocamentos entre os espaços, se identificou o papel do designer estratégico como mediador entre a catalogação e o artista. A metaprocessualidade do Design estratégico, revelou que o acervo é vivo, ele está em constante movimentação em espaços relacionais e não é um fechamento, como o catálogo estático publicado. E a experimentação em Design estratégico abriu um espaço de ambiguidade no processo, permitiu uma postura de fluidez que fez sentido para os artistas e estimulou especulações entre as práticas de atelier, seus compromissos e a própria criação artística. A catalogação do Acervo vivo foi proposta como uma possibilidade de fomento para o artista e modo de revelar o seu legado sociocultural mediado pelo Design Estratégico.