Resumo:
Esta tese de doutorado em Saúde Coletiva do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS teve como objetivo avaliar as propriedades psicométricas da versão curta da escala de internet addiction (AIT), incluindo sua consistência interna, validade de constructo e confiabilidade teste-reteste em uma amostra de acadêmicos da área de saúde de uma universidade brasileira. Além de verificar a prevalência de uso excessivo de internet (AI) e os seus fatores associados nesta população de universitários. Este estudo faz parte de um estudo maior transversal de base escolar (universitária), constituido por uma amostra representativa de universitários da área da saúde conduzido nos municípios de Rio Verde (região sudoeste), Aparecida de Goiânia (região metropolitana de Goiânia) e Goianésia (região norte) localizados no estado de Goiás no ano de 2018. A tese é composta de 2 artigos. No primeiro artigo foi realizada a validação do constructo da escala através da análise fatorial, por meio da análise fatorial exploratória (AFE) e confirmatória (AFC) dos 12 itens da AIT e para a avaliação da consistência interna do modelo fatorial foi utilizado o coeficiente α alfa de Cronbach. A escala original possui 20 itens e avalia atitudes quanto a extensão de uso da internet. A partir de uma amostra censitária de 1.582 estudantes de medicina do Centro-Oeste brasileiro, selecionaram-se duas amostras aleatórias de 350 universitários para análises fatorial exploratória (AFE) e confirmatória (AFC), respectivamente. Outros 347 estudantes participaram na avaliação da estabilidade teste-reteste. A solução bifatorial com doze itens encontrada na AFE se mostrou satisfatória, obtendo-se α de Cronbach de F1=0,84 e F2=0,81. O modelo final apresentou bom ajuste (RMSEA=0,089; CFI=0,955; SRMR=0,049) e houve indícios de estabilidade fraca a moderada da escala curta. No artigo 2 avaliamos o uso excessivo utilizando a versão curta da Escala Internet Addiction Test (AIT). Os fatores associados incluíram características sociodemográficas, socioeconômicas, acadêmicas, comportamentais e psicossociais. Para a análise dos dados utilizou-se regressão de Poisson com variância robusta. Observamos, que tanto no sexo feminino quanto no masculino, à medida que aumenta a idade diminui o uso excessivo de internet (IRR 1,67, 95% CI:1,30 – 2,14). Os estudantes homens não brancos (RP 0.96, 95% CI: 0,50-1,86), que moravam sozinhos (RP 0.77, 95% CI: 0,55-1,07), da classe econômica B (RP 0.91, 95% CI: 0,67-1,22), que reprovaram (RP 0.96, 95% CI: 0,50-1,86) e que apresentava distress muito grave (RP 4,08, 95% CI: 2,76-6,02), usavam mais excessivamente a internet. Nas universitárias mulheres, as solteiras (RP 1,39, 95% CI: 0,98-1,98), que cursavam Medicina (RP 1,68, 95% CI: 1,25-2,26), que reprovaram (RP 2,04, 95% CI:1,50-2,79), sedentárias (RP 1,13, 95% CI: 0,93-1,36), haviam realizado uso nocivo de álcool (RP 3,12, 95% CI: 2,41-4,04), usavam excessivamente a internet. Também foi observado que as alunas que apresentava distress muito grave (RP 4.96, 95% CI: 3,15-7,82) e com baixo apoio (RP 1.30, 95% CI: 0,95-1,78) usavam mais excessivamente a rede. Conclusões: A IAT versão-curta apresentou evidências de validade e fidedignidade, permitindo a avaliação do padrão de uso de internet em adultos universitários com número reduzido de itens. Além do mais, verificou-se uma alta prevalência de dependência de internet entre universitários (23% na amostra geral) com associação significativa com a faixa etária mais jovem, curso de medicina, distress muito grave medido pela escala K10 e com baixo apoio social. Quando estratificado por sexo as associações foram diferentes para homens e mulheres.