Resumo |
Em meados de 1990, a dinâmica do setor calçadista gaúcho começou a sofrer
alterações a partir de medidas endógenas - política macroeconômica no país - e
exógenas - entrada de novos players - com consequências notáveis até os dias atuais.
Atualmente, a estrutura produtiva da indústria calçadista encontra-se bastante
alterada. Sabe-se que a produção de calçados no Rio Grande do Sul possivelmente
tenha se contraído, e que, além disso, ela tenha se ramificado para outros estados
brasileiros. A partir dessas mudanças, o presente trabalho teve o objetivo de identificar
as principais características do processo de transformação estrutural do setor. O
esforço investigativo esteve à pretensão de organizar as informações estatísticas
setoriais e analisar o desempenho da indústria calçadista gaúcha no período de 1995
a 2017. O trabalho se preocupou em relacionar a teoria de concorrência inovativa,
com seu princípio em Schumpeter, a evolução Neoschumpeteriana e os aspectos
dinâmicos da transformação industrial voltados aos setores tradicionais. A evolução
histórica do ramo, com a formação dos aglomerados industriais, os conhecidos polos,
Vale do Rio dos Sinos e Vale do Paranhana/Encosta da Serra, teve como base, os
trabalhos já expostos anteriormente para discussão. Foram analisados os dados de
produção, postos de trabalho e estabelecimentos, comércio exterior e indicadores de
inovação. Por fim, constatou-se a suposição inicial, no qual houve redução na
produção de calçados no estado. A trajetória demonstra que os aglomerados
produtivos não foram suficientes para resultar em um bom desempenho industrial. A
queda da fabricação de calçados foi de 37% e 5,4%, em valor real e quantidade de
pares, respectivamente, entre os anos de 2005 a 2017. A redução também foi
observada nas exportações de calçados, principalmente para o maior destino dos
calçados gaúchos enviados ao exterior, os Estados Unidos. Como reflexo, o nível de
emprego na fabricação de calçados também se contraiu no período acumulado. Além
disso, houve precarização do trabalho, com menores níveis salariais, mesmo com
aumento na qualificação da mão de obra, ao longo do tempo. Em termos de atividade
inovativa, observou-se também pouco investimento setorial em inovação.; |