Resumo |
A cidade do Rio de Janeiro, após a chegada da corte portuguesa, passou por um processo de europeização que difundiu novos hábitos junto à elite carioca. Nos bailes, espaços de divertimento e estreitamento de alianças, as danças de origem europeia, quadrilha, polca e valsa, passaram a ser consideradas os ritmos de prestígio social. Machado de Assis, envolvido com a vida social do século XIX, inscreveu, em seus romances, a representação dos salões cariocas e das danças em destaque do período. A despeito da importância da obra de Machado de Assis, são escassos os estudos a respeito da dança nas obras do escritor carioca. Dessa forma, o presente trabalho busca identificar as menções ao baile, à quadrilha e à valsa nos romances machadianos e depreender as possíveis contribuições de sentido desses ritmos para as narrativas. Para isso, adotam-se como base teórica os estudos de Wolfgang Iser (2002), que concebe o texto como um jogo, Regina Zilberman (1989), que afirma que o modo como a literatura se apropria de elementos do cotidiano e os reorganiza indicia seus contatos com a sociedade, e Vicent Jouve (2002), para quem a leitura não é uma atividade neutra. A partir de um procedimento indutivo de investigação bibliográfica, foi possível perceber que a quadrilha e a valsa instauram significações distintas. A quadrilha provoca reações de tédio e enfado, não atraindo as personagens, enquanto a valsa é empregada como instrumento de sedução e exibição pelas damas dos romances, como insinuação da triangulação amorosa e como desencadeadora de ciúmes.; |