Resumo:
No início do século XVIII, a varíola era uma das doenças transmissíveis mais temidas
no mundo. Poucas pessoas ultrapassavam a juventude sem contraí-la e estima-se que a doença foi responsável por aproximadamente 20% de todas as mortes ocorridas na época (PLOTKIN; PLOTKIN, 1988). A primeira vacina do mundo foi descoberta por Edward Jenner, em 1796, ao observar que as mulheres que ordenhavam as vacas acometidas pela varíola bovina, também a contraíam, porém apresentavam sintomas mais leves, com pequenas feridas nas mãos e não tinham o rosto marcado. Então recolheu o líquido que saía destas feridas e o passou em cima de arranhões que ele provocou no braço de um garoto. O menino teve um pouco de febre e algumas lesões leves, tendo uma recuperação rápida. A partir daí, retirou líquido da ferida de
outro paciente com varíola e novamente expôs o menino ao material. Semanas depois, ao entrar em contato com o vírus da varíola, o pequeno passou imune à doença. Estava
descoberta, assim, a propriedade da imunização. De vaca veio a palavra vaccinia, que veio a ser vacina (SCLIAR, 1996). A partir do século XIX as doenças infecciosas apresentaram queda na taxa de mortalidade nos países industrializados. Os fatores atribuídos à redução dos coeficientes relacionam-se às melhorias no padrão de vida da população, salientando-se a alimentação, as mudanças de hábitos de higiene nas cidades, na maioria fomentada pelas reformas sanitárias, a tendência de acomodação favorável entre o agente infeccioso e o hospedeiro humano e a assistência médica com papel restrito sobre a varíola a partir da generalização da vacinação adotada desde o início daquele século (McKEOWN; LOWE, 1974).