Resumo:
A geração de resíduos sólidos urbanos é inerente às atividades do cotidiano, devendo haver adequada gestão e gerenciamento para esses materiais. O aterro sanitário figura entre um dos principais métodos de tratamento e disposição de resíduos, sendo utilizado em diversos países, como no Brasil. Ao longo do tempo, a matéria orgânica aterrada vai sofrendo degradação, em diferentes estágios, por meio de consórcio de microrganismos anaeróbios, gerando gases e lixiviado. A caracterização dessa microbiota permite a compreensão do processo de biodigestão, auxiliando também na questão operacional dos aterros, como otimização das células, tratamento de lixiviado e aproveitamento de biogás. No presente trabalho buscou-se contribuir com informações sobre o aterro sanitário de São Leopoldo (RS), onde foram amostrados lixiviados de cinco pontos, com fases de aterramento distintas (0 ano, 1 ano, 4 anos, 5 anos e 7 anos), em meses diferentes. As análises físico-químicas apresentaram resultados que classificam as fases do aterro como mistas, variando entre estágio ácido e metanogênico de decomposição. O perfil da microbiota foi obtido por enriquecimento de amostras de duas fases do aterro e por sequenciamento de nova geração, utilizando PCR barcoding da região do gene 16S rRNA. Os reatores da fase mais recente, enriquecidos com substrato para microrganismos hidrolíticos, apresentou o filo Bacteroidetes com maior abundância. Os reatores da fase mais antiga, enriquecidos com três diferentes substratos, apresentaram maior abundância para o filo Proteobacteria e o único que apresentou microrganismos do Domínio Arqueia, foi o reator enriquecido com metanol. O sequenciamento das amostras brutas das cinco fases de lixiviados apresentou o filo Proteobacteria com maior abundância nas fases mais antigas (cerca de 50%), seguido por Firmicutes, enquanto na fase mais recente foi Firmicutes (com cerca de 40%), seguida por Thermotogae. A presença de alguns filos, como Gemmatimonadetes e Chloroflexi, foi observada somente em algumas fases. O domínio arqueia representou apenas 0,68% do total sequenciado, sendo todas do filo Euryarchaeota, principalmente membros das ordens Methanobacteriales, Methanomicrobiales e Methanosarcinales.