Resumo:
Este estudo se propõe a analisar as percepções sobre as vulnerabilidades
e estratégias de enfrentamento de usuários em tratamento da hepatite C. Métodos:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, com abordagem fenomenológica
sobre percepções e significados subjetivos. Foram selecionadas 10 entrevistas,
entre 12 realizadas, com usuários em tratamento da hepatite C em hospital público
de Porto Alegre, narrando seus itinerários terapêuticos. A análise apontou duas
unidades de significado: vulnerabilidades e enfrentamento. Resultados: O estudo
capta a complexidade das vulnerabilidades experimentadas pelos usuários frente ao
diagnóstico de uma doença que não sentem. Também expõe as formas de reação, a
busca pelo tratamento, o enfrentamento dos efeitos adversos da medicação e das
restrições impostas pela doença. As divergências nas formas de enfrentamento
apontam para a relação entre o contexto e a produção de respostas na
reorganização e ressignificação de suas biografias. Conclusões: O fenômeno da
epidemia silenciosa da hepatite C produz vulnerabilidades perceptíveis desde o
início dos itinerários de busca de cuidados. O enfrentamento tem sido
responsabilidade dos indivíduos e está centralizado no tratamento e não na
reorganização de suas vidas. As políticas públicas de atenção a este grupo precisam
avançar para além da visão biomédica, através de uma abordagem intersetorial, na
perspectiva da integralidade, respeitando as diferenças e valorizando as redes de
apoio social.