Resumo:
Essa dissertação visa analisar os usos e apropriações táticos de fãs de K-pop durante as manifestações do movimento Black Lives Matter ocorridas a partir de maio de 2020, através da plataforma Twitter. Norteiam esta investigação perspectivas teóricas relativas ao campo da comunicação, aos estudos de fã, ao ativismo de fãs, ao ciberativismo, aos usos e apropriações táticas em rede, aos estudos de plataformas e às configurações da plataforma Twitter. Para isso, com o objetivo de compreender os tipos de táticas em redes utilizadas por fãs durante as mobilizações, contextualizamos a Hallyu, uma vez que o K-pop corresponde a um produto cultural da onda coreana; o ativismo de fãs de K-pop e as práticas em redes do fandom; o contexto do movimento Black Lives Matter juntamente com o histórico da organização e os aspectos sobre o racismo estrutural vigente no Brasil. A construção metodológica para a investigação empírica se baseia em dois movimentos: o estudo de caso, selecionado a partir do movimento exploratório em que delimitamos a plataforma para observarmos as mobilizações de fãs de K-pop; a netnografia, importante para averiguarmos as ações de fanbases, fãs e pessoas que utilizaram táticas através do Twitter e, com isso, elaborarmos formulários online a fim de compreender os tipos e os objetivos que regem as táticas. Tais procedimentos metodológicos colaboraram na compreensão sobre as apropriações táticas que fãs de K-pop utilizaram da plataforma Twitter para engajarem o movimento BLM. Os resultados da pesquisa apontam para táticas em que fãs conhecem as ferramentas da plataforma e têm consciência do alcance de suas movimentações; compreendem a função das hashtags no sentido de engajamento e a relevância ao trend topics; sabem utilizar petições online e fancams como práticas colaborativas e, por fim, entendem a importância do discurso e o cuidado que se deve ter com as ferramentas da plataforma para o êxito das mobilizações em rede.