Resumo |
O presente estudo tem por objetivo identificar características de uma política pública de inclusão, Jovem Aprendiz, que podem ser relacionadas com o paradigma biopolítico foucaultiano, e como tais aspectos aparecem e interferem em sua gestão pela ONG Asbem. A fundamentação teórica abordou a evolução histórica da gestão pública, o advento do neoliberalismo, como os estudos organizacionais foucaultianos emergiram e constituem-se, assim como do que se trata a biopolítica em Foucault e seu posterior desenvolvimento. Em termos metodológicos, adotou-se a pesquisa qualitativa, de nível exploratório, realizada na forma de estudo de caso. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas, documentos e levantamento bibliográfico, e a análise foi feita através da técnica análise de conteúdo. Como principais resultados, a pesquisa demonstra que a gestão da ONG pode ser relacionada a conceitos advindos da biopolítica foucaultiana. Em primeiro lugar, no sentido de direcionar sua estratégia e técnicas ao ideal de homem do neoliberalismo, um sujeito de interesses e economicamente racional, o Homo Oeconomicus. Constata-se também que tal abordagem, centrada no ideal de homem econômico, não esgota os mecanismos biopolíticos que aparecem e interferem na gestão do programa. Também se demonstrou que existem estratégias na Asbem que sugerem a influência em outros aspectos da vida dos jovens, ditando regras e atitudes atuais, moldando existências politicamente úteis aos arranjos socioeconômicos hegemônicos. Por fim, constata-se que as influências da biopolítica encontradas possuem um caráter imperativo, e mecanismos de controle que influenciam tanto o funcionamento da entidade como o modo em que o programa é executado.; |