Resumo |
Este estudo de caso buscou compreender de que forma a gestão da imagem é praticada nas relações de trabalho entre a empresa Beta, uma multinacional de vendas diretas de cosméticos, e as profissionais que atuam como consultoras de beleza autônomas nessa empresa. Buscou também, por meio dos objetivos específicos estabelecidos, identificar possíveis políticas institucionais da Beta que tivessem relação com a gestão da imagem; identificar os mecanismos de gestão da imagem praticados pela Beta; identificar o modelo de controle exercido pela empresa para a gestão da imagem; analisar o impacto da prática da gestão da imagem na subjetividade das profissionais; e analisar a prática do trabalho autônomo a partir do caso pesquisado. Para atender a esses objetivos, foi construído um embasamento teórico que compreende temas como trabalho, transformações históricas do trabalho, trabalho imaterial, relações de trabalho, flexibilização das relações de trabalho, controle nas relações de trabalho, controle rizomático por meio da gestão da imagem, controle da subjetividade, o trabalho das consultoras de beleza, vínculos flexíveis e o vínculo das consultoras de beleza e o controle no trabalho das consultoras de beleza. Os principais autores utilizados foram Grisci (2008), Abílio (2011), Piccinini e Oliveira (2011), Lazzarato e Negri (2001) e Antunes (2000). O delineamento da pesquisa é composto por uma estratégia de estudo de caso, de caráter exploratório e abordagem qualitativa. A unidade de análise foi a empresa Beta, e os sujeitos pesquisados foram 18 consultoras de beleza dessa empresa. A coleta de dados aconteceu através do processo de observação espontânea das reuniões de unidade da Beta, de entrevistas em profundidade, realizadas a partir de roteiro semiestruturado, e da análise de documentos. A técnica de análise dos dados escolhida foi a análise de conteúdo. A análise foi dividida em cinco categorias, denominadas: O caso da empresa Beta; A relação de trabalho Beta: a prática do trabalho autônomo; Gestão da imagem: políticas não prescritivas; Gestão da imagem: mecanismos de transmissão da imagem Beta e Gestão da imagem: o controle (in)visível. A análise do caso tornou possível compreender a relação de trabalho existente, a partir do vínculo autônomo, entre a Beta e as consultoras de beleza. A descrição da prática do trabalho autônomo revelou desvantagens que tornam paradoxais os benefícios divulgados pela empresa para esse tipo de vínculo. Foi observado que, de forma não prescritiva, a Beta propõe políticas que padronizam a imagem das consultoras de beleza. A imagem idealizada pela organização é transmitida por mecanismos de gestão da imagem, que são inseridos nessa relação de trabalho de forma sútil e repetitiva, veiculando a imagem idealizada pela organização. O controle da gestão da imagem acontece por meio do controle rizomático, que, de forma sofisticada e sedutora, impacta a subjetividade das consultoras de beleza, que deixam sua identidade para aderirem à imagem idealizada pela organização em busca do sucesso profissional.; |