Resumo:
Devido sua potencial gravidade e taxa de disseminação, o SARS-CoV-2 tem aumentado a demanda por leitos de UTI, com efeitos econômicos desconhecidos na saúde pública e privada. O objetivo deste estudo foi estimar o impacto dos pacientes com COVID-19 nos custos de UTI. Um estudo retrospectivo, com 544 pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi realizado em um hospital particular no Sul do Brasil. Foram analisadas diferenças nos custos de cuidados de saúde entre pacientes admitidos com COVID-19 ou por outras causas utilizando testes estatísticos de Mann-Whitney e gráficos de distribuição. Mínimos quadrados ordinários também foram aplicados para estimar os custos de UTI. Das 544 internações, 40 foram identificadas com COVID-19. O tempo médio de permanência foi de sete dias (intervalo interquartil [IQR], 3.3-32.5) para pacientes com COVID-19 e dois dias (IQR, 1-5) para outros pacientes (p-valor < 0.1%). As principais diferenças de custos envolveram medicamentos e suprimentos médicos (p-valor < 0.1%). A mediana dos custos totais com COVID-19 foi de R$ 51.752 (IQR, 16.764-149.479), enquanto que para causas não COVID-19 foi de R$ 9.935 (IQR, 6.431-19.771). As maiores diferenças foram encontradas em homens e em pacientes com mais de 60 anos (p-valor < 0.1%). As internações pela COVID-19 aumentaram os custos diretos de UTI em 36% (IC95% 10-67%). Os pacientes diagnosticados com COVID-19 aumentaram significativamente os custos da UTI devido ao longo tempo de permanência e gravidade, especialmente considerando o uso de medicamentos e suprimentos médicos; isso ilustra os danos causados por essa infecção e a falta de conhecimento sobre o tratamento adequado.