Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo avaliar por técnicas macro e nanoestruturais o efeito de ciclos térmicos na durabilidade e aderência de argamassas de revestimento submetidas à carbonatação. Foram elaborados exemplares constituídos por substratos cerâmicos lisos revestidos por argamassa de cimento e areia, que foram curados em ambiente saturado por 150 dias. Os revestimentos sem carbonatação foram mantidos em câmara com umidade controlada em 60±5% e isenta de CO2, e os que foram carbonatados, em câmera com umidade em 60±5% e concentração de 5% de CO2. Amostras não carbonatadas e carbonatadas foram submetidas a processo de envelhecimento acelerado por choques térmicos, decorrente em 20 ciclos de aquecimento e molhagem. Os revestimentos foram analisados em macroescala quanto a sua resistência de aderência à tração, absorção por capilaridade, índice de vazios e retração das argamassas. Os resultados mostram que a carbonatação gera uma melhora na aderência dos revestimentos, mas quando envelhecidas essas argamassas se igualam às argamassas não carbonatadas. A carbonatação gerou uma retração de 18% nas argamassas, que foi quase totalmente compensada ao longo do processo de ciclagem térmica, onde ocorreu expansão. O envelhecimento acelerado aumentou o coeficiente de variação em todos os testes realizados. Em nanoescala, com auxílio de um microscópio de força atômica foram realizadas varreduras e indentações na região de interface entre argamassa e substrato e somente na argamassa. A carbonatação gerou aumento nos módulos de elasticidade, tanto na interface quanto na argamassa. O módulo médio das interfaces analisadas foi superior ao módulo das argamassas, além de apresentar curvas de distribuição com maior desvio padrão, o que sugere tratar-se de uma região heterogênea e que hidrata de forma diferente do restante da matriz. Em todas as amostras analisadas o envelhecimento resultou em diminuição no módulo de elasticidade, gerando maiores danos nas argamassas não carbonatadas.