Resumo:
O presente estudo se propõe a compreender como é a capacidade de mentalização de mulheres que sofreram traumas na infância, quando vivem a maternidade, uma vez que é conhecido o impacto das relações iniciais no fluxo do desenvolvimento emocional de uma criança. Pensando nas repercussões destas experiências na vida do indivíduo, buscou-se avaliar a capacidade de mentalização de mulheres que viveram traumas na infância e que são mães de crianças de até um ano de idade, descrevendo suas histórias de vida e compreendendo a maneira como estabelecem os relacionamentos interpessoais e com o bebê. Assim, foram construídos dois artigos empíricos, descritivos, de abordagem qualitativa e como procedimento adotou-se Estudo de Casos Múltiplos. Participaram 3 mulheres, primíparas, com idades entre 28 e 35 anos e com filhos de até 12 meses de idade, que tivessem, necessariamente, passado por alguma situação traumática em suas infâncias. Os dados foram coletados através dos seguintes instrumentos: Ficha de dados sociodemográficos; Questionário sobre Traumas na Infância (QUESI); Método de Rorschach; Entrevista sobre História de Vida e Relações Atuais; Entrevista sobre a Maternidade e o Relacionamento mãe-criança. Os casos foram construídos individualmente e depois foi realizada a Síntese dos Casos Cruzados, procurando compreender as semelhanças e divergências entre os casos. Os principais resultados apontam que, apesar dos traumas vividos, as mães demonstram capacidade de mentalização adequada, mas apontando para maior prejuízo na avaliação de seus valores e atitudes gerais. Entretanto mostram deficiências significativas para as relações interpessoais, o que parece repercutir também na relação com o bebê.