Resumo:
Nesta dissertação, procuramos verificar se recursos visuais estão presentes na práxis de uma professora da disciplina de Língua Portuguesa com alunos surdos em escola regular e analisar como como são explorados por ela. A geração de dados se deu por meio de observações nas aulas de Língua Portuguesa no 8º e no 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do estado do Piauí. Além disso, foi realizada uma entrevista semiestruturada (gravada em áudio) com a professora responsável pela disciplina. Para a análise dos dados, o trabalho se vale de estudos sobre letramento em seu aspecto mais geral, como os de Soares (2018, 2019), Kleiman (2005) e Rojo (2009). Também se aborda o letramento do professor, a partir do que trazem Kleiman, Vianna e Grande (2013) e Kleiman (2008a). Há destaque para reflexões sobre letramento visual, com base em Dondis (2007) e Santaella (2012). Faz-se menção ainda ao contexto educacional dos surdos, considerando as pesquisas de Fernandes (2006) e Lodi e Lacerda (2009). Aborda-se sobre surdez e Língua Portuguesa, em diálogo com Bernardino e Santos (2018) e Schelp (2009). Entre as constatações desta dissertação, ressalta-se o fato de que recursos visuais estão na escola de diferentes formas, seja no livro didático, seja em uma peça teatral ou na interpretação em Libras, mas o tratamento dado a esses recursos ainda os coloca em um patamar de menor utilização em relação ao texto escrito e aos estudos gramaticais da língua portuguesa. A ausência das práticas de letramento visual durante os momentos observados em sala indica que a docente não potencializou o uso dos recursos visuais em sala, valendo-se de práticas orientadas nos livros didáticos, e de acordo com o que julgou possível em suas aulas. Em tal contexto, considera-se pertinente investir, em ações de formação continuada, práticas que ofereçam ao professor mais subsídios para perceber e trabalhar mais amplamente os letramentos que estão na escola, além de estratégias e possibilidades de interação que lhe permitam conhecer mais o sujeito surdo e sua relação com os ouvintes com os quais interage, intensificando as parcerias com os intérpretes de Libras que atuam na escola. Desse modo, é possível ampliar as perspectivas de inclusão e potencializar o ensino e a aprendizagem de surdos e ouvintes.