Resumo:
As barreiras arenosas quaternárias armazenam a história evolutiva dos últimos 400.000 anos de sedimentação da margem atlântica do sul do Brasil. Estudos de proveniência permitiram identificar a diversidade de minerais pesados das quatro barreiras na metade norte da Planície Costeira do Rio Grande do Sul: epidoto, turmalina, zircão, magnetita/ilmenita, polimorfos de alumínio (andaluzita, cianita e silimanita), estaurolita, rutilo, anfibólio, piroxênio, coríndon, perovskita, cromita, granada, apatita, monazita, xenotima, espinélio e titanita. A pesquisa contemplou a análise da variação dos padrões de distribuição e comportamento dos minerais presentes entre os sistemas eólico e marinho raso (shoreface superior-foreshore) de cada barreira, bem como o comportamento destes de acordo com as diferentes frações granulométricas estudadas (80-170 e 170-230 mesh). Estudos de proveniência desenvolvidos com grande número de grãos de zircões detríticos por datação em U-Pb, permitiram estabelecer as principais áreas-fonte dos sedimentos das barreiras. Encontram-se presentes zircões e demais minerais pesados atribuídos principalmente a uma fonte distante, relacionada ao estuário do rio de La Plata, e secundariamente às rochas das províncias ígneas e metamórficas do Escudo Sul-Rio-grandense e Bacia do Paraná drenadas pelas bacias dos rios Camaquã e Jacuí. A caracterização da proveniência das areias das barreiras litorâneas quaternárias permitiu também a formulação de uma hipótese sobre a procedência dos sedimentos acumulados no Cone de Rio Grande.