Resumo:
As bactérias possuem um papel fundamental na manutenção da vida e do equilíbrio dos ecossistemas. As lavouras de arroz têm diversas ações microbianas, inclusive interações entre plantas e micro-organismos. Os agroecossistemas são compostos por diversos micro-habitats e propiciam a adequação de uma grande diversidade microbiana. O manejo da cultura do arroz promove mudanças das características físicas e químicas da água e devido às alterações de pH, turbidez, temperatura, radiação e quantidade de matéria orgânica, podem estar relacionadas com a dinâmica das comunidades microbianas presentes no solo. Esse trabalho objetivou avaliar as comunidades bacteriológicas presentes no solo, de cultivo mínimo, do arroz tipo Puitá Inta CL semeado em duas regiões orizícolas, nos anos agrícolas 2013/14 e 2014/15, com diferentes classes de solos (Planície Costeira Interna/PCI e Planície Costeira Externa/PCE). Nesse estudo foram identificadas as bactérias heterotróficas que podem auxiliar as plantas no seu desenvolvimento e na produção de grãos mais nutritivos e efetuadas análises dos elementos físico-químicos dos solos, assim como a determinação da composição nutricional dos grãos de arroz Puitá Inta CL, integral e polido, produzidos em cada região de estudo. Os dados dessa pesquisa foram apresentados em quatro capítulos que correspondem às publicações na forma de artigos científicos. Os resultados revelaram no total 29 espécies bacterianas, sendo 27 registradas na PCE e 22 a PCI, nas diferentes fases fenológicas de Oryza sativa. Quanto à abundância de Unidades Formadoras de Colônias (UFCs), considerando a região PCE obteve-se 18,5% das espécies no período de pré-plantio, 22,3% na fase vegetativa, 22,3% na fase reprodutiva e 36,9% durante a maturação (F1,9 = 7,84, p <0,05). A diversidade estimada pelo índice de Shannon foi superior na maturação (M = 3,901) em comparação com os valores obtidos no solo de outras fases de cultivo (M = 2,97). A abundância de UFCs na PCI foi de 23,9% no período de pré-plantio, 21,7% na fase vegetativa, 20,7% na fase reprodutiva e 33,7% durante maturação (F1,9 = 7,03, p <0,05). A diversidade estimada foi maior na maturação (M = 3,801) em comparação com os valores obtidos no solo das demais fases fenológicas (M = 2,46). O índice de Evenness indica que a distribuição de espécies foi semelhante em ambas as regiões (PCE e PCI) durante a maturação (E = 0,988 e 0,967). Os valores elevados obtidos na análise CCA explicam a variação observada nos três eixos: para o primeiro ano agrícola explicam 67% da variação das espécies e para o segundo ano agrícola explicam 86,5%. Esses dados indicam que a fase de maturação das plantas à diversidade de espécies bacterianas é predominante. Os resultados da PCA demonstram que os três primeiros eixos explicam 74,19%: o eixo 1 (47,12%) inclui as variáveis Argila, pH e Hidrogênio + Alumínio; o segundo eixo ( 15,79%) inclui Fósforo, Capacidade de troca de elétrons pH 7 e Magnésio; e o terceiro eixo ( 11,28%) Alumínio, Matéria Orgânica e Índice de análise e correção da acidez. O padrão do resultado espacial demonstra uma diferença significativa entre os solos de cada região, o que pode ser comprovado pela MANOVA (Wilk’s Lambda: 0,008, p <0,0001 and F = 61,6). O valor nutricional do arroz, o teor fenólico e o teor de antioxidantes foram testados pelo método de Mann Whitney que revela a diferença do arroz integral e polido, de cada região orizícola (p<0,001), não havendo diferença temporal (p>0,05) entre ambos (2013/14 e 2014/15).