Resumo:
O conhecimento sobre a utilização dos serviços de saúde é considerado uma importante ferramenta para o planejamento e avaliação de políticas públicas, permitindo a identificação de populações prioritárias para atenção em saúde. Contudo, algumas populações são menos favorecidas, nesse contexto, estão incluídas as comunidades quilombolas, geralmente, vinculadas a trabalhos rurais ou de culturas de subsistência, vivendo em áreas de difícil acesso e em condições de vida desfavoráveis. Apesar disso, ainda são poucos os dados encontrados sobre a utilização dos serviços de saúde em comunidades quilombolas no estado do Rio Grande do Sul. Com o objetivo verificar a utilização dos serviços de saúde, realizou-se um estudo transversal de base populacional em 22 comunidades quilombolas do estado do Rio Grande do Sul no ano de 2011. Os dados foram obtidos através de entrevistas com os responsáveis pelo domicílio, utilizando-se questionários padronizados e pré-testados. Para a estimativa das razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas e intervalo de confiança de 95% (IC95%) foi utilizado o modelo de regressão de Poisson. Nos resultados foram observados que a maioria vivia em quilombos considerados rurais, eram do sexo feminino, de cor negra/parda, possuíam uma baixa escolaridade (até 04 anos de estudo) e tinham renda per capita até R$280,00. Quanto à prevalência de morbidades havia uma elevada taxa de excesso de peso e hipertensão arterial, bem como, distúrbios psiquiátricos menores. Em relação ao desfecho, observou-se que 84% pessoas haviam consultado com médico no período de 12 meses anteriores a entrevista. Quanto aos fatores associados foi encontrado que as mulheres, pessoas com mais de 50 anos e com companheiro(a) consultavam mais os serviços de saúde. Sendo assim, os achados do presente estudo indicaram uma elevada utilização dos serviços de saúde por comunidades quilombolas no estado do Rio Grande do Sul. Os principais fatores associados à utilização dos serviços de saúde, tais como, ser mulher, indivíduos mais velhos e que viviam com companheiro, são semelhantes àqueles apontados na literatura cientifica, em outras comunidades ou grupos populacionais. Contudo, deve-se considerar os baixos índices de condições socioeconômicas e a elevada prevalência de morbidades, que reforçam a importância de políticas públicas efetivas que visando melhoria das condições de vida dessas populações.