Resumo:
O Assédio Moral (AM) é uma violência psicológica sistemática e persistente, que atinge a integridade dos sujeitos, atravessado na cultura da pós-modernidade. É um fenômeno interpessoal, organizacional e social, perpassado por relações de poder abusivas e de assujeitamento, gerando adoecimento. No serviço público tem elevada ocorrência e severidade, não existindo intervenções profícuas para a prevenção e combate. Esta dissertação objetivou compreender as vivências de prazer-sofrimento em trabalhadores vítimas de AM no Poder Judiciário do Trabalho, considerando as características institucionais e suas consequências na saúde mental. Possui abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, com entrevista semiestruturada para a coleta de dados. Os participantes foram oito servidores do Judiciário do Trabalho. Os dados foram tratados através da análise de conteúdo de Bardin, embasada pela Psicodinâmica do Trabalho e Sociologia Clínica. Os resultados apontaram características institucionais pautadas: na ética da servidão, na sobrecarga, no individualismo, no controle institucional e na violência silenciada. Observou-se uso de estratégias defensivas individuais e coletivas. Foram evidenciados: sofrimento patogênico, adoecimento dos servidores e da organização, sinalizando angústia, depressão, patologia da solidão e banalização da injustiça. Não foram constatados encaminhamentos do local para os assediados, nem políticas para a prevenção e o combate do AM, o que corrobora para seu agravo.