Resumo:
As úlceras em membros inferiores podem estar relacionadas a diversas etiologias, dentre elas o diabetes, a insuficiência venosa, a insuficiência arterial ou ainda por pressão devido ao contato prolongado com superfícies rígidas. OBJETIVO: verificar se a terapia complementar não farmacológica de administração de plasma rico em plaquetas (PRP) acelera a reparação tecidual nas úlceras crônicas de membros inferiores. MATERIAL E MÉTODO: estudo de casos múltiplos com indivíduos com úlceras crônicas em membros inferiores, realizado nos serviços ambulatoriais de um hospital de grande porte de Porto Alegre-RS. Os casos foram selecionados, até a saturação teórica e semelhanças nos resultados. Foram incluídas úlceras de qualquer etiologia e excluídos os pacientes que apresentavam lesões nervosas por trauma; doença pulmonar obstrutiva crônica, doença celíaca, Hanseníase, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, acromegalias, sarcoidose, câncer, vasculite sistêmica; em uso de metronidazol, fenitoína, nitrofurantoína, amitriptilina, zidovudina (AZT), isoniazida, estatinas, amiodarona, ciclofosfamida, colchicina e vincristina; realização cirurgia prévia para enxerto cutâneo em úlcera; presença de anemia significativa; outras causas de polineuropatia sensitivo-motora distal simétrica tais como hipotireoidismo e história de etilismo pesado. A coleta de dados foi por entrevista estruturada, observação e avaliação sistemática da úlcera e por registros fotográficos. A primeira aplicação do PRP foi no primeiro dia após a avaliação e as aplicações subsequentes ocorreram em 7 dias, 14 dias, 22 dias, 39 dias, 54 dias, 69 dias, 89 dias e 99 dias. A análise utilizada foi proposta por Glaser e Strauss (1967), que consiste no desenvolvimento de uma teoria fundamentada nos dados mediante diversos procedimentos, reunindo um volume de dados referentes ao fenômeno estudado. Esta pesquisa foi aprovada pelos CEPs das instituições envolvidas sob os números 238.537 e 240.386. RESULTADOS: Quatro úlceras atenderam aos critérios de seleção de dois participantes do sexo masculino, um com 49 anos, diabético e hipertenso e o outro com 79 anos, hipertenso e com isquemia arterial em membro inferior esquerdo e anticoagulado. Foi possível observar o fechamento completo de uma das feridas, e uma redução importante das outras duas tratadas com PRP. Apenas uma úlcera não apresentou melhora relacionada ao seu tamanho, porém houve evolução positiva no que se refere à apresentação de tecido e das bordas da mesma. As úlceras são de diferentes etiologias, tempo de duração e tamanho, ocorrendo, portanto, respostas distintas quanto à velocidade e porcentagem de cicatrização. Observamos que a idade, o ITB e a utilização de antiagregador plaquetário são fatores que influenciam no desfecho final. CONCLUSÃO: O efeito do PRP no processo de cicatrização das feridas crônicas nos casos estudados mostrou-se efetivo em relação às terapias anteriormente utilizadas. Esperamos que este estudo possa ser precursor de novas abordagens metodológicas para a validação da técnica de obtenção do PRP, assim como para a sua popularização nos serviços de saúde.