Resumo:
Nesta pesquisa investigou-se a percepção de adolescentes e pais sobre o fenômeno denominado sexting. Caracteriza-se como o envio ou recebimento de conteúdo sexual, como vídeos e/ou imagens nuas ou de partes do corpo, por meio da internet. Dois estudos qualitativos e exploratórios foram realizados, utilizando-se como instrumentos a entrevista semiestruturada e o grupo focal. Os dados obtidos no grupo focal e nas entrevistas foram examinados pelo método de análise de conteúdo. No Estudo I foram feitas entrevistas semiestruturadas com seis adolescentes, entre 14 e 17 anos, de uma escola da região metropolitana de Porto Alegre, RS. Os resultados revelaram que o sexting foi visto como comum entre os participantes e que eles não consideraram o envolvimento no fenômeno como ruim, apenas o compartilhamento não autorizado de seu conteúdo. Também, os dados mostraram que os adolescentes perceberam o papel dos pais como importante no envolvimento do filho em sexting ativo. No Estudo II explorou-se o que pensam pais de adolescentes entre 12 e 18 anos sobre o envolvimento dos filhos em sexting. Foram reunidos dois grupos focais na mesma escola. Os participantes disseram não saber como lidar com o envolvimento dos filhos em sexting. A maior preocupação relatada foi com o risco da exposição pública do adolescente, e não tanto com o envolvimento em sexting. Os resultados da dissertação mostram que o envolvimento no fenômeno faz parte da vida dos adolescentes e, consequentemente, de suas famílias. Também que, apesar de pais e adolescentes compartilharem as percepções de que se envolver em sexting não é problema, mas sim o vazamento do conteúdo deste, os pais não se sentem preparados para lidar com o envolvimento do filho. Por fim, essas constatações servem para orientar pais, pedagogos e terapeutas, especialmente os de família, no sentido de compreenderem um pouco melhor os pensamentos e atitudes de adolescentes e pais quanto ao sexting e a também proporem intervenções que visem melhorar a comunicação entre pais e filhos.