Resumo:
As divergências entre as percepções contábil e de produção a respeito dos efeitos de projetos lean podem ocultar ou, mesmo, levar a empresa a abandonar avanços obtidos por meio dessa abordagem. A forma como são contabilizados os resultados econômicos pode estimular a empresa a priorizar projetos que tragam resultados econômicos de curto prazo e desmotivar outros que tenham benefícios operacionais não refletidos em indicadores contábeis, mas que apresentem resultados incrementais e de longo prazo. O estudo proposto nesta dissertação de mestrado analisa como empresas fazem a mensuração dos efeitos dos projetos de melhoria contínua baseados no lean manufacturing. A pesquisa é qualitativa, baseada na análise de dados em quatro empresas de produção seriada dos ramos industriais metal-mecânico e elétrico, de porte médio e grande, e que realizam projetos de melhoria contínua por meio dos princípios lean, com base em entrevistas semiestruturadas com os responsáveis pelos programas de melhoria contínua e com os responsáveis pela mensuração dos resultados dos projetos nas respectivas empresas, e observação não participante. As evidências indicam que essas empresas priorizam projetos que apresentem resultados econômicos e que, em contraponto, são criadas maneiras diferentes de mostrar benefícios ou a possibilidade de evitar custos futuros quando esses não são contabilizados. Indícios de conhecimento a respeito do custeio por fluxo de valor foram identificados em três das quatro empresas entrevistadas. Entretanto, apenas uma delas tem planejado implementar lean accounting e migrar a contabilidade para alinhar ao sistema de produção. Foram analisadas também as relações entre as variáveis relevantes ao problema, produzindo-se um mapa sistêmico que pode auxiliar em estudos futuros sobre o tema.