Resumo:
Este trabalho teve o objetivo de analisar se o nível de endividamento das empresas listadas na BM&FBOVESPA afeta a qualidade dos lucros. Para dar suporte a esta análise, buscou-se na literatura estudos sobre a qualidade dos lucros e constatou-se que a mesma pode ser verificada através da medida dos accruals discricionários. Foi investigada a relação da dívida com a qualidade dos lucros, analisando-se 198 empresas brasileiras, no período de 2009 a 2015, os testes realizados na pesquisa tiveram como referência o estudo de Ghosh e Moon (2010). Para verificar a qualidade dos lucros utilizou-se quatro modelos estatísticos, conforme os modelos propostos por Jones (1991), Dechow et al. (1995), Dechow e Dichev (2002) e McNichols (2002). Os resíduos dos accruals foram relacionados com a dívida e o resultado sugere uma relação não linear da dívida com a qualidade dos lucros no contexto brasileiro. Tal resultado permitiu supor que a dívida pode ter influência positiva ou negativa na qualidade dos lucros. Em baixos níveis a dívida influencia positivamente, uma vez que a gestão poderá usar do seu poder discricionário e fornecer informações de alta qualidade sobre as perspectivas futuras das empresas para reduzir os custos de financiamento. Foi possível observar que os accruals melhoram a qualidade dos lucros em um nível aproximado de até 54% da relação Dívida/Ativos Totais. O contraponto é quando a dívida atinge níveis mais altos, neste cenário a tendência é que a influência seja negativa, uma vez que os gestores utilizam os accruals para gerenciar o resultado e evitar violações do contrato da dívida.