Resumo:
O estresse oxidativo ocorre quando há um desbalanço entre pró-oxidantes e antioxidantes em favor dos pró-oxidantes, levando a uma ruptura da sinalização e balanço oxidativo e/ou dano molecular. O estresse oxidativo tem sido relacionado a trade-offs entre as característica da história de vida dos organismos e auto-manutenção. Trade-offs são caracterizados por conflitos entre a alocação de energia em uma determinada característica em detrimento de uma outra. Organimos que apresentam crescimento rápido e grandes investimentos em reprodução exibem maior produção de espécies reativas de oxigênio (EROS) e aumento do estresse oxidativo, normalmente relacionados a declínios na atividade das enzimas antioxidantes. O estresse oxidativo pode ser influenciado pelas condições ambientais. Peixes anuais apresentam características de história de vida relacionadas a maior produção de EROS, como crescimento rápido, intenso processo reprodutivo e acelerado envelhecimento, além de habitarem áreas úmidas temporarias com grandes variações ambientais. Desta forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar marcadores do balanço oxidativo (superóxido dismutase, catalase, glutationa S-transferase, lipoperoxidação e proteínas totais) ao longo do ciclo de vida da espécie de peixe anual neotropical Austrolebias minuano, coletada em ambiente natural. Nossos resultados mostraram que a espécie apresenta um sistema antioxidante eficiente na maior parte do seu ciclo de vida, principalmente na fae reprodutiva nas femeas e no período senil de vida nos machos. Aumento da lipoperoxidação foi evidenciado somente em fêmeas no período correspondente a fase de crescimento. Machos mostraram redução em todos marcadores analisados, exceto nas proteínas, ao longo da vida. Os trade-offs esperados entre as características de vida e automanutenção foram exclusivos entre crescimento e automanutanção em fêmeas. Além disso, demostramos que as variáveis ambientais tem influência na variação dos biomarcadores analisados ao longo do ciclo de vida da espécie. Esses resultados sugerem que os peixes anuais apresentam um sistema de balanço oxidativo bem desenvolvido e adaptado para enfrentar a imprevisibilidade das áreas úmidas temporárias.