Resumo:
Ritmita de grão fino é uma fácies sedimentar recorrente em sequências marinhas e lacustres de influência glacial ao longo do tempo geológico. A interpretação paleoambiental desses depósitos antigos tem sido desafiada, uma vez que ritmos semelhantes podem ter se formado em diferentes contextos deposicionais. Na Bacia do Paraná, o Grupo Itararé contém numerosas sucessões de ritmites de granulação fina, depositadas no Carbonífero durante a Idade do Gelo Paleozóica Superior (LPIA). Assim, o objetivo deste estudo é: (i) caracterizar aspectos sedimentológicos de diferentes ritmites do Grupo Itararé no sul da Bacia do Paraná, e (ii) interpretar seus ambientes deposicionais. Os ritmos descritos são caracterizados pela intercalação de arenitos e siltitos de granulação fina com argila e siltitos argilosos. Identificamos dois tipos distintos de ritmos com base no contato entre os dísticos, a espessura dos dísticos, as estruturas sedimentares e os proxies geoquímicos. Ritmites tipo 1 é caracterizado pela intercalação de arenito / siltito de granulação muito fina (60-90%) com argila (40-10%) e graduação normal. Ritmites tipo 2 é caracterizado por dísticos de siltito (50%) e argila (50%), com um contato agudo dentro dos dísticos. Ritmites tipo 1 são interpretados como depósitos de turbidez e o tipo 2 como depósitos distais de fluxo hipopíclico. Os proxies geoquímicos sugerem a deposição dos ritmites em condições marinhas, em um período de aumento da temperatura e umidade, e com intensificação do intemperismo químico. Essas características do paleoambiente estão de acordo com o período interglacial. A preservação de espessas sucessões rítmicas do Grupo Itararé na bacia sul foi controlada pela constante criação de espaços de acomodação dentro de paleovales.