Resumo:
Em ambientes marinhos marginais modernos, a morfologia costeira influencia diretamente os processos de marés e ondas. Neste artigo, apresentamos um exemplo de uma antiga zona costeira onde a mudança na morfologia costeira controlou a amplitude das marés. Este estudo enfoca a Formação Permiana Rio Bonito, no sul da Bacia do Paraná, onde estão localizadas as principais jazidas de carvão da América do Sul. Abordagens sedimentológicas e estratigráficas foram aplicadas aos testemunhos perfurados na área de Candiota paleovalley. Descrevemos a arquitetura estratigráfica de um evento transgressivo do Baixo Permiano (Formação Rio Bonito). Duas sequências deposicionais de terceira ordem foram identificadas, as quais mostram diferenças no registro paleoambiental. Na seqüência inferior, associada ao preenchimento de um vale inciso, dominam as fácies relacionadas às correntes fluviais e de maré. Em um contexto de mar interno micro-marés, a amplitude das marés é amplificada em um vale em forma de funil. Na sequência superior, já evoluindo em condições costeiras lineares, evidências de processos de deposição de marés quase desaparecem e a sedimentação passa a ser dominada por processos de ondas, estabelecendo-se assim um sistema de barreira costeira associado a lagoas e pântanos. Nosso estudo, além de detalhar a evolução paleoambiental do enchimento sedimentar de um vale inciso, também permite um melhor entendimento da origem do carvão do sul do Brasil.