Resumo:
A pesquisa teve por objetivo investigar, na perspectiva de constituição de cidadania comunicativa, a participação dos sujeitos surdos nos processos comunicacionais na Asugov e na página dessa associação em inter-relação com seus perfis pessoais no Facebook. A fundamentação epistêmica da tese se nutre de enlaces e perpasses das premissas epistêmico-filosóficas da transmetodologia. Essas permitiram seu desenvolvimento através de um arranjo multimetodológico construído na caminhada concreta da investigação, composto por observação participante das dinâmicas comunicativas na Asugov, entrevistas em profundidade com os sujeitos surdos e observação dos usos e apropriações por eles realizados na página da Asugov em seus perfis pessoais no Facebook (as publicações na rede social foram sistematizadas no período de junho de 2018 a junho de 2020). A construção da pesquisa inclui traçados do contexto sociocultural, político, educacional, legal e comunicacional dos sujeitos surdos. Na fundamentação teórica da tese, conceitos e teorias são problematizados para promover um tecido teórico pensando midiatização, comunicação digital e redes, mediações e apropriações midiáticas; cultura surda e cidadania comunicativa. Os resultados da pesquisa apontam que a Asugov é um lugar de acolhimento e compartilhamento de vivências, onde os sujeitos encontram a possibilidade de vivenciar e reforçar laços de pertencimento à cultura surda, de alimentar oportunidades de inclusão cultural, comunicacionais e social. Mostram que existem também conflitos e contradições que limitam possibilidades ampliadas de participação e de conquista de cidadania destes sujeitos. A participação dos sujeitos surdos na rede social Facebook Asugov e em seus perfis pessoais, a partir dos usos e apropriações dos recursos ofertados nas plataformas, facilita a construção cidadã do informar-se, comunicar-se, opinar, dividir experiências, dividir narrativas de vida, promover encontros, estabelecer vínculos, visibilizar demandas. Também são identificados elementos que obstacularizam exercícios comunicativos mais potentes para a construção da cidadania comunicativa destes sujeitos nos ambientes digitais investigados.