Resumen:
O pensamento crítico pode ser definido como uma habilidade de análise, reflexão, questionamento de crenças ou de si mesmo, e até mesmo um estado de dúvida (DEWEY, 1979; VIEIRA, 2017). Essa habilidade pode ser desenvolvida por meio de Metodologias Ativas (VIEIRA, 2017). Nesse escopo das Metodologias Ativas, se encontra a abordagem Aprendizagem Baseada na Investigação (ABInv) que busca instigar o aluno a ser protagonista de sua aprendizagem e a desenvolver o pensamento crítico (DEWEY, 1995; PEDASTE et. al., 2015). Além disso, a ABInv pode ser utilizada para o ensino de inglês como Língua Adicional (LA) (PARASCHOPOULOU, 2018). Por outro lado, no Brasil, as variedades que predominam nesses ambientes educacionais, geralmente, são a britânica e a americana (FRANCESCON; SENEFONTE; BARONAS, 2013), gerando uma visão homogênea e excludente de língua (SILVA, 2019). Considerando que esses ambientes de aprendizagem, como a sala de aula, são sistemas complexos, segundo a Teoria da Complexidade (LARSEN-FREEMAN, 2011), esta dissertação objetiva verificar se a abordagem de ensino Aprendizagem Baseada na Investigação, amparada pela Teoria da Complexidade, pode desenvolver o pensamento crítico de alunos de inglês como LA, por meio do contato com a variação linguística do inglês (World Englishes). Para isso, buscamos também propor uma análise da percepção e recepção dos alunos em relação à Metodologia Ativa ABInv e do processo de desenvolvimento dos alunos ao longo das aulas por meio da Teoria da Complexidade; oportunizar situações de aprendizagem para que alunos de inglês como LA tenham mais contato com diferentes World Englishes; oportunizar que alunos de inglês como LA possam, por meio do pensamento crítico e do trabalho via ABInv, demonstrar um maior conhecimento e uma maior valorização dos diferentes World Englishes; e propiciar que alunos de inglês como LA, por meio do contato e conhecimento de outras variedades, possam vir a valorizar a sua própria variedade do inglês. Esta pesquisa, de cunho qualitativo, consiste em uma pesquisa-ação (TRIPP, 2005) realizada com alunos de inglês como LA de um curso livre de idiomas, localizado na região carbonífera do Rio Grande do Sul. Para a geração de dados, foi realizada uma entrevista semiestruturada com 6 alunos dessa instituição, além de 8 aulas sobre os World Englishes, com base na ABInv, as quais foram gravadas em vídeo e áudio, posteriormente transcritas. Ademais, a geração de dados conta com diários de campo dos alunos e da professora, a qual também é a pesquisadora. Devido ao momento de pandemia do coronavírus, os dados foram gerados de forma exclusivamente remota, por meio de uma plataforma de videoconferência. Dentre os dados analisados
resultantes da geração de dados, constatamos que os alunos desenvolveram o pensamento crítico e um maior senso de valorização dos World Englishes e da cultura que está envolvida na variação linguística, bem como uma ressignificação e aceitação de seu próprio inglês e de sua própria variedade. Observou-se, também, que os alunos relataram percepções positivas em relação à abordagem ABInv. Os dados ainda demonstraram um olhar complexo para a sala de aula de LA, de forma que cada aluno se desenvolveu de forma única e particular, por meio da interação com a professora, com outros alunos e com o ambiente.