Resumo:
Este trabalho busca compreender como a série Ela Quer Tudo (2017 - 2019), de Spike Lee, na Netflix, atualiza as antologias audiovisualizadas, isto é, uma audiovisualidade que refleete o caráter antológico presente na tecnocultura audiovisual contemporânea, a qual é marcada pela coexistência de múltiplas naturezas imagéticas e sonoras, e que frequentemente é carregada de uma política. Esta política se caracteriza por fazer avançar a técnica (BENJAMIN, 2012), se revelando no tensionamento de hierarquias, interrupções de espectações e de formas dadas como naturais ou padronizadas no audiovisual. Assim, nossos acionamentos teóricos buscam compreender o devir antologia, caracterizado pelo estabelecimento ou revisão de cânones (SERRANI, 2008), e refletir sobre as estratégias de audiovisualização deste gênero e formato na tecnocultura contemporânea. Para tanto, partimos metodologicamente da flanerie (BENJAMIN, 2009) a fim de abrir nosso objeto empírico, desdiscretizamos e cartografamos as molduras (KILPP, 2002) que produzem os sentidos de tais convergências tecnoestéticas. No capítulo de análise desenvolvemos seis pausas, que a partir das proposições de Abreu (2014), construímos como ordenações transitórias, as quais podem ser rearranjadas e revelar outras potências. Entretanto, nestas pausas encontramos e refletimos a respeito das potências tecnoculturais presentes em tais conjuntos de imagens, que nos levam a compreender a imagem contemporânea como uma imagem que quer tudo - formas, técnicas, estéticas, mídias.