Resumen:
A presente tese trata de como ocorreu a construção da Moçambicidade Audiovisual a partir das atividades desenvolvidas pelo cinejornal Kuxa-Kanema e, posteriormente, por meio dos canais de televisão do país, destacando-se a TVM, STV e TV Miramar, no período de 1976 ao primeiro semestre de 2020. A comunicação audiovisual/tecnocultural é vista como importante na construção e promoção de dinâmicas que visam a emponderar a sociedade em busca de uma identidade própria, neste caso a Moçambicidade Audiovisual. Diante disso, governo moçambicano liderado pelo partido FRELIMO, vendo a importância da mídia audiovisual, criou primeiro o cinejornal Kuxa-Kanema e, a seguir, a TVM. Anos depois, com a implementação da democracia no país, foi promulgada a Lei Nº 18/91 – Lei de Imprensa, que permitia liberdade de comunicação e a criação de meios de comunicação privados, a exemplo da TV Miramar e da STV. Destacamos os dois canais porque a par da TVM são os que têm maior cobertura nacional. Sendo a construção da Moçambicidade Audiovisual um processo identitário do “Homem Novo”, uma necessidade da nova nação independente, ancorou-se nas mídias tecnoculturais acima mencionados, a partir de um processo de transição do desenvolvimento dos diversos meios e, com foco nos audiovisuais, a fim de buscar imagens de memórias e lembranças do Kuxa-Kanema, perpassando pelos gêneros e programas televisivos dos três canais, que também contribuíram para essa construção. O uso da mídia tecnocultural televisa suscitou respostas às seguintes questões: Como a Moçambicidade Audiovisual se constrói a partir dos canais de televisão TVM, STV e Miramar? Como a memória audiovisual da Moçambicidade Audiovisual é atualizada pela televisão moçambicana? Buscar respostas para essas questões foi o principal objetivo desta tese, tomando as teorias inerentes à Tecnocultura, Televisão/Televisualidades, Imagem, Imaginário e Memória. O universo da pesquisa constituiu-se de análises dos gêneros/programas e das respectivas grades de programação dos canais TVM, STV e TV Miramar e, da observação das imagens como memória/lembrança do Kuxa-Kanema. Tais elementos foram usados como estratégias construtoras e mobilizadoras à Moçambicidade Audiovisual. Para responder às questões e atingir os objetivos da pesquisa, que se enquadra na área das Ciências da Comunicação, recorreu-se ao uso aglutinado de metodologias sendo elas, o método arqueológico da mídia, método da intuição, a cartografia, o rastro e, o método das molduras/dessecações bem como o das constelações. Alguns resultados desta pesquisa revelam que os canais de televisão não são tão abrangentes na construção da Moçambicidade Audiovisual e, são de certa forma, influenciados pelo sistema político.