Resumen:
A incerteza é uma das características mais proeminentes da existência. Contudo, a sociedade apresenta dificuldades em lidar com ela, estando sempre a procura de soluções que a reduzam a programas gerenciáveis. Sendo o design estratégico aquele que concerne ao agir junto a estratégia, deve se voltar a processos que permitam experimentar novas formas de ser, fazer, pensar e sentir. Isso engloba uma abertura a modos de atenção relacionados a condição de hesitar à construção de um mundo comum e desapegado. Ou seja, percebe-se imprescindível uma desaceleração que impeça que soluções generalistas sejam tomadas antes da oportunidade de questionar o que é bom ou urgente. Esta investigação abordou o papel da experimentação dentro dos processos de design, ao propor a compreensão de uma postura experimental que se especifica pelo entrelaçamento com uma dimensão do toque. Sendo o toque, uma experiência sensorial capaz de alcançar conhecimentos particulares gerados em contato. Neste viés da experimentação, é valorizado o aspecto material das dinâmicas inventivas do design que, por meio de práticas coletivas e participativas do fazer, mediam expectativas e visões de mundo que desafiam aquilo que é estabelecido como verdade. Assim, a proposta deste trabalho é pesquisar como a experimentação e o toque se tornam favoráveis a geração de espaços de hesitação no design e faz isso ao traçar um percurso metodológico que visa identificar os potenciais de uma prática participativa de prototipagem experimental realizada a partir do bordado. Para isso, utilizou-se o método de pesquisa-ação organizado em ciclos de experimentação voltados à livre criação e imaginação de um grupo de seis pessoas por meio do bordado manual. Com base naquilo que emergiu da prática, discutiram-se os achados da pesquisa como a capacidade de promover uma oscilação entre experimentação e um modo de programa, uma variação de ritmos, um ethos de cuidado e uma prototipagem experimental que provoca narrativas. Tais reflexões orientam o design a novas compreensões da experimentação como processo que permite hesitar ao acessar outras sensibilidades e afetos.