Abstract:
A presente tese objetiva, a partir de análise compreensiva, identificar os princípios orientadores de educação para a sustentabilidade em contextos urbanos. Na tentativa de identificar os princípios, uma questão foi fundamental durante todo o percurso da pesquisa: Quando uma cidade educa para a sustentabilidade? Para tanto, fez-se necessário traçar o percurso do Brasil na promoção de cidades sustentáveis, partindo dos movimentos internacionais aos nacionais, das agendas globais e suas implementações locais, assim como, foi necessário transitar pelas distintas definições para cidades sustentáveis, cidades educadoras, sustentabilidade e educação para a sustentabilidade. Em busca de respostas para além do documentado, no ano de 2019, as cidades da região sul do Brasil, Colombo (Paraná) e São Leopoldo (Rio Grande do Sul), foram visitadas para a realização de entrevistas compreensivas. Neste trânsito, entre teoria e empiria, foram identificados os princípios da educação, da governança e da mobilização. O princípio da Educação foi reconhecido como o foco principal em uma cidade que pretende ser sustentável. Isso significa educar para a vida em todas as dimensões, para a transformação, para o desenvolvimento sustentável e para as relações. Nesse sentido, é imprescindível a permanência de uma educação ambiental forte, realizada a partir de políticas, pesquisas, programas e projetos de educação para a sustentabilidade. No princípio da governança foi enfatizada a relevância da vontade política para a implementação da educação para a sustentabilidade, bem como a importância do olhar sensível, holístico e horizontal para o território. A cidade que governa para a sustentabilidade está atenta e inserida nos acordos globais e as alianças interurbanas. Incentiva a participação, a criação de espaços de expressão, de diálogos e de pensamento crítico. O governante que pretende contribuir para que uma cidade seja mais sustentável, precisa dar continuidade às políticas, aos programas, aos projetos e às ações exitosas em governos anteriores, evitando processos efêmeros. Já no princípio da mobilização foi identificada a sensibilização como facilitadora das vivências de pertencimento à cidade, estreitamente relacionada à divulgação, à comunicação, à informação e à visibilidade. Nesse sentido, uma das constatações foi referente à postura de dependência e de desresponsabilização da população decorrente da desinformação, da falta de consciência ambiental e de práticas comunitárias. Esses três princípios foram apontados como aqueles que podem contribuir para a transformação das cidades, a partir da educação como um dos eixos principais, a governança com olhar sensível e global para o território e a mobilização direcionada para novos começos, a partir do vivido. Não são princípios oclusos, pelo contrário, podem ser associados a outros princípios inerentes à educação, à sustentabilidade e à cidade. Por fim, estes princípios necessitam ser analisados, explorados e ampliados de acordo com cada realidade, enquanto devem ser compreendidos como possibilidades para a transformação local e, consequentemente, global.