Resumo:
A tese discute as estratégias que marcam o contato entre fontes e jornalistas nas coletivas de imprensa da operação Lava Jato. O debate considera a entrevista coletiva como um dispositivo interacional, ou seja, um espaço não necessariamente físico onde os participantes resolvem demandas originadas pelos seus interesses. A condução teórica desse trabalho trata da construção de mediação específica produzida pelo jornalismo como algo relacionado às negociações realizadas nos processos de apuração. Entre os elementos dessa apuração que são discutidos neste trabalho estão a pluralidade, a verificação a relação com as fontes além de constrangimentos organizacionais. O arranjo metodológico da pesquisa considerou três eixos principais: sistematização das gravações das coletivas da Lava Jato, acompanhamento presencial nestes ambientes e entrevistas com os participantes. Sete episódios de interação são mobilizados para apresentar como esse dispositivo opera: Condução coercitiva do ex-presidente Lula; Defesa das 10 Medidas contra corrupção eleitoral; Troca de Delegados da Polícia Federal; Coletiva de imprensa do Power Point; Antecipação de deflagração de fase para o então Ministro Alexandre Moraes; Polícia Federal impossibilitada de realizar acordos de Delação Premiada e Explicação da não liberação de Lula para o velório do irmão Vavá. Os episódios serão explorados de forma descritiva e reflexiva. O foco dessa seleção está em materializar quais situações são representativas para demonstrar as lógicas encontradas na interação jornalista e fonte no dispositivo coletiva de imprensa da operação Lava Jato.