Resumen:
Nesta tese realizamos arqueocartografias para o exame da tecnotropicalidade, um devir éthico, tecnoestético e assim tecnocultural que age em materialidades desde a invasão europeia à faixa geopolítica hoje delimitada como a nação brasileira. Nossa episteme de pesquisa se ramifica a partir da fenomenologia bergsoniana e do amparo benjaminiano. É portanto uma artesania filosófica da comunicação. Nossa abordagem se constitui pela não-linearidade, estabelecendo a remontagem literária como a estratégia de escrita. Interessa-nos o impacto do tempo nas materialidades, desse princípio exorcizamos o tecnotropical no arquivo-filme Aquarius (Kleber Mendonça Filho, 2016), e daí seguimos seus rastros inscritos desde a literatura barroca. É uma invenção baseada na intuição como método originário. Seguimo-la de forma radical ao ponto onde se forjou um novo conceito. De acordo com nossa investigação, a tecnotropicalidade proveio de uma intenção interior, a de se construir uma identidade nacional, e de uma exterior, a de comercializar as ethicidades resultantes no estrangeiro. Atravessamento que se derivou em imagens de inúmeras características extraídas da memória do povo e de sua paisagem tropical. É, desde o esforço da ditadura militar (1964-1985) em interligar o país, considerada uma tecnocultura “autêntica” e hegemônica, mas nem por isso acrítica. Aparece como campo de disputa tecnoestética, espelho de nossas contradições mais profundas, fazendo-se uma das mais vibrantes ethicidades brasileiras.