Resumen:
Na contemporaneidade, momento em que jovens estão imersos em mídias digitais e se relacionam de diversas e diferentes formas com os gêneros que circulam nessas mídias, proporcionar o aprendizado efetivo, que proporcione o protagonismo e a autonomia social, se torna um desafio. No Ensino Médio, a literatura é apresentada pela BNCC como um potencial para enriquecer a percepção e a visão de mundo acerca do que se vê e vivencia. Assim, pode-se colocar em questão algumas situações que se circunscrevem no âmbito social e mobilizar-se para transformações que possam corroborar uma sociedade mais justa e igualitária. Entretanto, o percurso da literatura na escola não se mostra favorável e pesquisas apontam para índices baixíssimos de leitura (ROJO, 2009; SARAIVA; KASPARI, 2017). Nesse sentido, Abreu (2004), Rojo (2009) eKaspari (2019)abordam a importância de também ser contemplada, na escola, a cultura valorizada pelos estudantes e a literatura em sua essência. Esse pode ser um ponto de partida para despertá-los para a experiência literária. Com base nesses pressupostos, esta pesquisa buscou identificar e analisar apreciações de estudantes do Ensino Médio sobre práticas de leitura literária, evidenciando o papel dos agentes envolvidos para a formação cidadã. Este estudo é de cunho qualitativo-interpretativista e se vale de princípios da pesquisa-ação. Os dados foram gerados por meio de observações de aulas, do desenvolvimento de uma prática pedagógica e de conversas com um professor de Literatura e seus alunos de uma turma do segundo ano do Ensino Médio, em um colégio estadual da Região Metropolitana de Porto Alegre. A análise se deu de maneira cíclica, a partir dos documentos oficiais voltados à educação no Ensino Fundamental e Médio e dos pressupostos teóricos de Abreu (2004), Cândido (2004), Rojo (2009) Cosson (2016), Saraiva e Kaspari (2017), para identificar o papel da literatura para a formação cidadã; Kleiman (2006), Kleimam e Assis (2016), Soares (2009, 2014) para discutir o letramento como prática social e, na sequência, Kersch e Silva (2012) e Kleiman (1995, 2006, 2014), para refletir sobre agências e agentes de letramento; Cosson (2016) e Riter (2009), para discorrer acerca de propostas metodológicas para a abordagem da literatura na escola e, por fim, considerou-se os postulados de Bakhtin (2003, 2006), Rojo e Barbosa (2015), para compreender a composição dos gêneros discursivos e seu impacto social. Esta pesquisa revelou a escola como um espaço para o desenvolvimento da Educação Crítica por meio das leituras possibilitadas pela disciplina de Literatura. Alguns alunos apresentam engajamento em leituras de diversos gêneros, dentro e fora da escola, embora revelem os desafios encontrados para ler, principalmente a falta de tempo. Outros estudantes relatam a preferência pela leitura literária de obras antigas e contemporâneas. As atividades das quais Formapreferem participar são as que lhes possibilitam o protagonismo e a autonomia para que possam ser autores sociais. Por fim, destaca-se como fundamental o papel do professor enquanto mediador dessas práticas, sendo, juntamente com seus alunos, agente do processo de ensino e aprendizagem. Neste contexto, a literatura é relevante e potente para abordar questões emergentes no contexto dos alunos, que se assumiram como sujeitos críticos e descobridores de suas próprias histórias.