Resumen:
As Bacias Interiores do Nordeste do Brazil são um grupo de bacias situadas ao sul da
Bacia Potiguar criadas durante o rifteamento que deu origem ao Oceano Atlântico, podendo ser usadas como análogas para os ambientes deposicionais das bacias da margem continental. Porém, muitas dessas bacias possuem uma escassez de estudos, apesar de possuírem um importante registro do Cretáceo Inferior, contendo inclusive um extenso registro fossilífero. Ostracodes não-marinhos, grupo importante para a bioestratigrafia e correlação de bacias brasileiras no Cretáceo Inferior, são abundantes na região. Essa tese tem como por objetivo o estudo da ostracofauna de duas seções contínuas localizadas na Bacia do Iguatu, denominadas Transnordestina A e Transnordestina B, com o intuito de contribuir para o conhecimento bioestratigráfico e paleoambiental deste grupo para o Cretáceo Inferior da região. Foram coletadas 156 amostras, de onde foram encontrados 19 espécies em 11 gêneros: Cypridea
hystricoides, C. paraibensis, C. cf. C. clavata, C. punctacentralis sp. nov., Brasacypris ovum, Pattersoncypris sinuata, P. cf. P. sinuata, Pattersoncypris? sp., Ilyocypris? arca., Ilyocypris? latanodi., Rhinocypris? ericius, Pythagoracypris latavectis, Hastacypris adamantem, Looneyellopsis mvili, Musacchiocythere plastica, Musacchiocythere? sp., Alicenula leguminella, A. cf. D. oblonga, e uma espécie incerta sedis. Baseando-se nas espécies encontradas, uma idade Hauteriviana-Aptiana foi inferida para o intervalo. Em termos paleoambientais, observou-se a presença de dois grupos principais de ostracodes: um dominado por Alicenula, que indica momentos de maior umidade, e um dominado por Cypridea, que indicaria maior aridez na região. Altos valores das razões elementares Ca/Ti e Ca/ΣTi, Fe, Al indicam a dominância de condições áridas próximo da base das seções. A análise cicloestratigráfica identificou seis ciclos de 120 ka para a base da seção e 10 ciclos de 120 ka e três de 405 ka para o meio e topo. Se
espera que este trabalho demonstre potencial que os depósitos das pequenas bacias internas do Nordeste possuem para avançar o conhecimento sobre a bioestratigrafia e o paleoambiente para o Cretáceo Inferior, que ainda necessita de maiores dados para seu melhor entendimento.