Resumen:
O poliéster é a fibra com maior produção mundial e maior potencial de geração
de resíduos. Os retalhos de tecidos são passíveis de serem reciclados, tornando-se
matéria-prima para outras indústrias. Nesta pesquisa, o objetivo é avaliar o emprego
de resíduo de vestuário de poliéster como reforço em compósitos cimentícios sem
função estrutural. Para isso, foram desenvolvidos, traços com baixa massa específica
com o uso de agregado leve de vermiculita. Para não haver uma degradação rápida
dos têxteis, empregou-se substituição parcial do cimento (25%) por cinza volante (CV)
e o resíduo foi tratado por impregnação com polímero estireno butadieno (SBR) e
sílica ativa (SA). Realizou-se caracterização física e química dos materiais; triagem e
tratamento dos resíduos para a conversão em reforço, e a sua caracterização;
caracterização da matriz cimentícia no estado fresco e endurecido; avaliação das
propriedades mecânicas e microestrutura dos compósitos sem reforço, reforçado com
resíduo de vestuário sem tratamento, tratado por impregnação com SBR e com SBR
+ SA. Os tecidos sem impregnação e impregnados com SBR apresentaram,
respectivamente, desempenho 22,69% e 13,48% mais satisfatório no sentido da
urdidura, já os impregnados com SBR + SA obtiveram valores equivalentes nos dois
sentidos do tecido. O elevado tamanho de partícula da CV, a resistência à compressão
axial da matriz cimentícia inferior nos corpos de prova (CPs) com CV e o baixo
consumo de CH verificado no ensaio de TG/DTG na pasta com CV, indicam a baixa
reatividade da pozolana. Nos CPs sem CV, houve um incremento da resistência à
tração direta de 53,57% e 64,28%, bem como de 92,10% e 94,73% na tração na flexão
dos compósitos com reforço impregnado com SBR e SBR + SA, respectivamente, em
relação aos sem reforço. Além disso, no ensaio de tração direta, o maior número de
fissuras nos CPs em que o reforço recebeu SBR em relação ao sem impregnação,
indicam o benefício do tratamento. As placas com maior tenacidade no ensaio de
impacto, foram as com tecido impregnado com SBR + SA. Diante do estudo realizado,
é possível afirmar que em função da CV ter sido empregada sem beneficiamento, não
se observou benefícios no seu emprego nas condições da pesquisa. Por sua vez, os
reforços contribuíram para o desempenho do compósito quanto às propriedades
avaliadas, principalmente quando o reforço recebeu tratamento por impregnação.