Abstract:
Devido à crescente demanda por cimentos e à necessidade de reduzir as emissões de CO2 durante a sua produção, novos cimentos contendo elevados teores de fíler e materiais cimentícios suplementares têm sido investigados. O fíler calcário em substituição parcial ao cimento é uma dessas alternativas, observando-se a adoção de teores crescentes em cimentos de diferentes países, inclusive no Brasil, com a aprovação recente da norma NBR 16697. Entretanto, o emprego de calcário dolomítico como fíler ainda é pouco difundido e a formação de produtos de hidratação provenientes da reação de finos de calcário dolomito – como presente na região sul do Brasil, com elevado teor de MgO – em pastas de cimento Portland ainda é pouco conhecida. Embora o desempenho do fíler calcário tenha sido investigado no passado, em termos de durabilidade, a formação de taumasita ainda é pouco estudada no Brasil, pois a maioria das publicações internacionais relatam que a taumasita se desenvolve em temperaturas baixas, na faixa de 5º e 15ºC. Desta forma, esta pesquisa buscou investigar os produtos de hidratação do cimento na presença de dolomita, buscando-se a formação de taumasita. Adotou-se um fíler dolomito com 20% de MgO, empregado em teores de 0%, 15%, e 35% em substituição ao cimento, com D50 de 10 µm, 6 µm e 4 µm. As pastas foram curadas em temperaturas de 5ºC e 20ºC. Os resultados da pesquisa indicam que, em relação ao comportamento reológico, todas as pastas de cimento com incorporação de dolomito apresentaram melhor homogeneidade em relação as pastas sem a presença de dolomito, e que o teor de 35% de fíler apresentou a maior taxa de viscosidade. A análise por calorimetria isotérmica apontou que a presença de dolomito apresentou efeito de nucleação e diluição reduzindo o calor de hidratação das pastas. Nos resultados de resistência à compressão, identificou-se comportamento semelhante entre as pastas analisadas. Quanto aos diferentes teores de dolomito, os mesmos não apresentaram diferenças significativas, e a finura 4µm demostrou o melhor empacotamento em microescala, também evidenciando maiores valores de resistência. O DRX detectou a presença de taumasita apenas na temperatura de 20ºC, indicando a possibilidade de formação deste composto em temperaturas mais elevadas.