Resumo:
A presente dissertação analisa as discursividades que ancoram a produção
acadêmica sobre formação continuada das professoras brasileiras da educação
básica e de que modos essas discursividades constituem o que se entende como
docência entre os anos de 1997 a 2018. A investigação está fundamentada nos
campos dos estudos em docência, dos estudos sobre formação de professores e na
perspectiva pós-estruturalista, e utiliza a pesquisa documental como procedimento
metodológico para examinar o material empírico, composto seis trabalhos acadêmicos
(cinco dissertações e um artigo vinculado a uma pesquisa em PPG). Para analisar a
complexa trama das discursividades presentes no material empírico, foram
organizadas três categorias analíticas: I – formação continuada no contexto do
mercado, que está ancorada nos aspectos legais que regulam e, por vezes,
burocratizam a educação brasileira, em especial o próprio contexto de formação
continuada, fazendo emergir, dentre outros sentidos, a formação articulada ao
empreendedorismo de si; II – em um contexto de formação continuada ad aeternum,
é possível mostrar que menos de 40% das professoras brasileiras, segundo os dados
do INEP do ano de 2017, tiveram acesso a algum tipo de formação continuada, o que
ressalta ainda mais a ideia de que elas devem atuar sobre si mesmas e se
responsabilizar individualmente pelo seu próprio processo de formação; III – como
última categoria, a autoria e a (re)criação da formação continuada nos possibilita
identificar e analisar outros modos das professoras se relacionarem com os espaços
formativos aos quais tem acesso e como o ethos de formação é constituído nesta
caminhada.