(Re)invenção do currículo na educação infantil: um estudo sobre o binômio “experiência” e “organização espaçotemporal

(Re)invenção do currículo na educação infantil: um estudo sobre o binômio “experiência” e “organização espaçotemporal

Rodrigues, Poline Czizewski

URI: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/9403

Fecha: 2020-08-14

xmlui.dri2xhtml.METS-1.0.item-contributorAdvisor: Klaus, Viviane

Resumen:

Esta dissertação investiga de que modo o binômio experiência e organização espaçotemporal pode contribuir para a (re)invenção do currículo da Educação Infantil em tempos de aceleração da infância. Por meio da análise documental dos três primeiros episódios do documentário O Começo da Vida, de Estela Renner, buscou-se descrever analiticamente as possíveis contribuições do referido binômio para a reinvenção curricular pretendida. O documentário apresenta uma abordagem multidisciplinar da infância, abordando a junção de diferentes atores e pesquisas que tratam do desenvolvimento infantil e das relações entre ensino e aprendizagem, sempre buscando desmistificar as ideias dominantes nos discursos sobre infância e Educação Infantil. O material empírico e o referencial teórico possibilitaram o desdobramento do estudo a partir das seguintes questões: de que modo alguns estudos desenvolvidos na área da Educação Infantil concebem a organização dos tempos/espaços e a experiência? Quais as implicações das concepções de experiência e organização espaçotemporal para o trabalho educativo na Educação Infantil? De que forma as discussões acerca da primeira infância feitas em áreas diversas do conhecimento, como as apresentadas no documentário, podem contribuir para a Educação Infantil? Tais questões foram agenciadas em favor da reflexão acerca dos deslocamentos necessários para uma adequação do currículo da Educação Infantil ao contexto contemporâneo, marcado pela aceleração da infância. O estudo adensou as discussões sobre o binômio experiência e organização espaçotemporal em diferentes seções do trabalho que versaram sobre: a historicidade da infância e as funções da Educação Infantil; transformações da sociedade contemporânea e suas implicações para a Educação Infantil; a potência da escola enquanto um lugar de tempo livre (e, ao mesmo tempo, intencionalmente pensado), de desenvolvimento, de exercício de pensamento e de descobertas; o currículo, a experiência e a organização espaçotemporal. A investigação utilizou como procedimento metodológico a análise documental. A pesquisa evidenciou a importância de a criança aprender sobre o mundo ativamente, por meio da experiência, observando, tateando, testando e, principalmente, imaginando e criando. Nesse sentido, a ação repetida é de suma importância para o aprendizado e reafirma o potencial pedagógico da rotina. Além disso, a obra audiovisual e o referencial teórico estudado corroboram a importância do contexto temporal-espacial ao salientarem o papel positivo do ambiente, da mediação e da interação social para o desenvolvimento infantil. Sendo assim, foi possível apontar um conjunto de princípios como pontos de partida que expressam os fundamentos teóricos relacionados ao binômio experiência e organização espaçotemporal; são eles: (i) a criança, por mais jovem que seja, não é tábula rasa a ser preenchida de conhecimentos, saberes e competências; (ii) é necessário permitir que a criança erre, falhe e repita, ou seja, experiencie; (iii) é essencial a clareza do papel do professor enquanto aquele que organiza, de modo intencional e comprometido, experiências significativas de aprendizagem; (iv) as experiências dos primeiros anos de vida são insubstituíveis; (v) educar e cuidar são atividades de ensino indissociáveis na Educação Infantil; (vi) há necessidade de que a escola realize um mapeamento das convergências e distanciamentos entre a rotina que as crianças têm em casa e os objetivos da escola quanto à organização da rotina institucional; (vii) a família é forte influenciadora do processo de aprendizagem, tanto oferecendo elementos de positividade quanto interferindo negativamente no processo; (viii) é preciso oferecer às crianças todos os subsídios para o manuseio consciente das ferramentas digitais; (ix) é necessário conceber as categorias tempo, espaço e rotina para além da mera organização institucional. Finaliza-se a investigação salientando-se que a discussão não se esgota nesses princípios que foram detalhados ao longo do estudo; mas acreditando-se que eles podem oferecer avanços significativos para a reinvenção do currículo da Educação Infantil em tempos de aceleração da infância.

Mostrar el registro completo del ítem