Resumen:
Este estudo tem como objetivo explorar uma área pouco atingida no campo da viticultura, demonstrando alternativas para a destinação de um resíduo pouco assistido, o engaço da uva. Composto por celulose, hemicelulose, lignina, taninos e proteína, sua variação qualitativa é dependente da variedade e meio onde é cultivada. Sendo o engaço um material lignocelulósico com altos teores de compostos fenólicos, há um grande potencial da reutilização do engaço na indústria dos painéis de MDF (Medium Density Fiberboard) e aglomerados. O município de Bento Gonçalves - RS é o principal polo de processamento de uva e também o principal polo moveleiro do país, produzindo 62,8 milhões de peças em MDF, o que equivale a 74,8% do seu total produtivo. O aumento na geração de resíduo é proporcional a demanda de mercado, o Rio Grande do Sul elevou sua produção de vinho em mais de 40% nos últimos 16 (dezesseis) anos. O estado que é destaque nacional no processamento de uva para elaboração de vinho, suco e derivados, processou 750 milhões de quilos de uvas em 2017, gerando resíduos sazonais que equivalem a 150,6 milhões de quilos por ano, onde 52,71 milhões de quilos foram compostos pelo engaço. Hoje este resíduo tem como destino principal o aterro sanitário ou compostagem. O presente estudo teve como objetivo avaliar e quantificar a composição química do engaço das variedades mais processadas em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, de modo a encontrar a sua valorização na aplicação em MDF e aglomerados. A caracterização da estrutura química da biomassa pode ser o indicativo de um futuro potencial para a sua aplicação na indústria moveleira, em comparação com a estrutura de outras plantas, o algodão que produz fibras, suas paredes secundárias são constituídas quase unicamente por celulose, já os pinheiros são característicos por produzirem madeira de compressão é enriquecida em lignina. Nas analises químicas laboratoriais foi necessário realizar a adaptação da metodologia, que foi satisfatório para aplicação da biomassa.Analisados os extrativos da biomassa com o objetivo remover ácidos graxos, álcoois graxos, fenóis, terpenos, esteróides, ácidos resinosos, colofónias, ceras e outros compostos cera, óleo, fenólicos solúveis em orgânicos. As variedades Isabel e Niágara, apresentaram 52,27% e 44,54% respectivamente, a variedade Bordô com 23,78% de extrativos apresentando assim, menores teores de compostos extrativos. As três variedades de uva apresentaram de 17,23% a 19,32% de legnina 7 para as três variedades,e quantitativo de holocelulose para as variedades Isabel e Niágara de 27,16 % e 35,54 % respectivamente, podendo ser viável seu teste em aplicação para a utilização na indústria de MDF e aglomerados. A variedade Bordô apresentou maior quantidade de material 57,93 ±0,66 % em teor de holocelulose, indicando o seu potencial para testes em derivados de celulose.