Abstract:
A inovação social resulta da mobilização de uma constelação de atores que, por meio de relações colaborativas, cocriam conhecimento para construir soluções para problemas sociais. Este estudo buscou compreender como as rotinas de compartilhamento do conhecimento entre os atores, de uma iniciativa de inovação social, contribuem para gerar ganhos relacionais. Para isto utilizou-se as abordagens teóricas da Inovação Social e Visão Relacional (DYER; SINGH, 1998), com contribuições das pesquisas sobre Valor das Relações. (BIGGMANN; BUTTLE, 2012). A metodologia de pesquisa utilizada foi qualitativa, exploratória, por meio de estudo de caso, que teve como objeto de análise o coletivo Vila Flores, e partiu de categorias e subcategorias de análise definidas a priori (Inovação Social – Iniciativa e Relações entre os atores; Visão Relacional – Rotinas, Barreiras e Ganhos Relacionais), sendo utilizadas cinco técnicas de coleta de dados (pesquisa documental, observações dos participantes e não participantes, mapeamento de artefatos e entrevistas). A diversidade de fontes possibilitou a triangulação dos dados, permitindo maior aprofundamento e rigor nos resultados. Inicialmente, foi mapeada a trajetória da iniciativa, que conta com cinco fases (préiniciativa, estruturação interna, expansão, amadurecimento da governança e fortalecimento) e nove momentos de consolidação da iniciativa, a partir de Critical Turning Points (CTPS). Além disto, foram abordadas as interações com o entorno, o propósito do coletivo, os papéis e interrelações entre os atores. No que se refere às rotinas de compartilhamento de conhecimento, identificou-se práticas e ferramentas, bem como as barreiras – internas e externas. Também analisou-se os ganhos relacionais percebidos pelos atores e agrupados nas dimensões do Valor dos Relações. Concluiu-se que as rotinas de compartilhamento de conhecimento contribuem para gerar ganhos relacionais, sendo que as formais têm maior sinergia com os valores financeiro e conhecimento. Por outro lado, as rotinas informais têm maior consonância com os valores pessoal e coletivo, sendo este último criado no intuito de atender as questões referentes às relações entre os atores de uma iniciativa de inovação social. O valor estratégico é permeado por rotinas formais e informais, indistintamente. Por fim, apesar de não ser o objetivo desta pesquisa, percebeu-se que os ganhos relacionais são relevantes para habilitar o coletivo para criar valor social, necessário para a transformação social do contexto onde se inserem.