Resumen:
Este trabalho se propõe a pensar as semioses construídas por três mulheres da família Cruz, moradoras da periferia de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, a partir de três sistemas: a religião Umbanda, a vida familiar e as mídias. O objetivo é compreender de que modos os sistemas se entrelaçam e influenciam a construção das identidades culturais das sujeitas comunicantes. Para isso, busco aportes na Transmetodologia, na Antropologia, na Semiótica da Cultura e nos Estudos em Recepção. Para a construção desta dissertação foram realizadas pesquisas bibliográficas, documentais, exploratórias e de campo. Empiricamente, foram feitas visitas de acompanhamento e entrevistas em profundidade para a obtenção de informações sobre as sujeitas comunicantes, para posterior análise. Partindo do princípio de que a comunicação se dá onde os sentidos são produzidos, percebo que as semioses produzidas a partir da religião e da cultura familiar contribuem fortemente para a construção das identidades das sujeitas comunicantes participantes da pesquisa. Nesse cenário, as mídias, também muito presentes, participam, em um primeiro momento, mais por “oposição”. Ao não se perceberem representadas e nem pertencentes aos fatos abordados pelas principais mídias hegemônicas, elas se perceberam “outras”, aquelas que não estavam em destaque. Porém, as novas possibilidades de comunicação e troca de informações trouxeram a possibilidade de buscar por temas que as interessam, e aqui a questão racial entra fortemente. Seguindo páginas no Instagram ou no Facebook, ou ainda vendo vídeos no Youtube, elas consomem e comentam entre si conteúdos que podem afetar sua vida cotidiana, como assaltos em meios de transporte e, também, temas macro, como a política nacional, as causas da desigualdade social e das diferentes formas de opressão, gerando debates familiares que contribuem para a constituição de suas identidades.