Resumen:
A consciência ética acerca das consequências imponderáveis da ação praticada pelo homem no tempo hodierno, que estão em compasso com a destruição do meio ambiente, à luz da responsabilidade moral, será a base central desta reflexão filosófica. A presente tese de doutorado objetiva, portanto, analisar filosoficamente o conceito de Responsabilidade formulado por Hans Jonas na obra O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica, por meio do diálogo com Paul Ricoeur, especialmente a partir das obras O si-mesmo como outro e O justo I: a justiça como regra e como instituição, a fim de compreender o PR de Jonas, a legitimidade da responsabilidade moral relativa ao futuro, a alteridade e a importância conferida aos sentimentos presentes nas teses de ambos filósofos e, ainda, refletir sobre a aplicabilidade desse novo conceito de Responsabilidade no campo da política (Jonas) e no campo jurídico (Ricoeur). Para Hans Jonas o conceito de Responsabilidade encontra-se como princípio que busca configurar uma nova ética do futuro que não se restringe ao puro formalismo, portanto, fundamentando-se na ontologia, na metafísica, na virtude e no sentimento de responsabilidade, mas, também, que pretende alcançar um espaço significativo no campo da deontologia, sem, contudo, compreender-se como um novo imperativo categórico, mas sim como orientação para um novo agir do homem, no âmbito da responsabilidade moral e diante do avanço e domínio da técnica. Para Paul Ricoeur, uma responsabilidade que busca, também, romper com o puro formalismo por meio da sabedoria prática nas relações de justiça, evidenciando os sentimentos da amizade-solicitude a partir do respeito devido aos outros, tendo a alteridade como referencial e corroborando a tese do primeiro, com relevante ênfase, como o caminho mais bem fundamentado para a filosofia moral considerando o futuro da humanidade. Ricoeur e Jonas encontram na alteridade, no dever com o outro e na superestimação da segunda pessoa como condição sine qua non para o eu (o si-mesmo de Ricoeur e o ser do futuro para Jonas) o embasamento para uma responsabilidade que resulta dos sentimentos, afetos e inclinações, mas que, também, orienta o campo da justiça, das leis, da política e reverbera o formalismo kantiano, com ressalvas. Ricoeur conclui, desse modo, que precisamos de um novo imperativo para impor um agir de modo que continue havendo seres humanos depois de nós. Contudo, esse precisa ser diferente do segundo imperativo de Kant, que considera a contemporaneidade entre o agente e o seu defrontante. Precisamos de um novo imperativo que considere a responsabilidade sem a exigência da duração, da proximidade ou da reciprocidade. Para tanto, temos o Princípio Responsabilidade de Hans Jonas.