Resumen:
O fíler calcário é utilizado como substituição parcial do clínquer em cimentos a fim de reduzir as emissões de gás carbônico e preencher os vazios da pasta de cimento. Observa-se que os teores de substituição permitidos têm sido incrementados. No Brasil, após revisão de norma, o teor máximo passou de 10%, em 1990, para 25%, em 2018. Dependendo da composição, as condições de durabilidade do concreto podem ser modificadas, verificando-se divergências na profundidade de carbonatação quando há utilização de fíler calcário comparado a cimentos sem adição. O objetivo geral deste trabalho é avaliar a influência das alterações físicas e químicas causadas pelo fíler calcário calcítico em pastas e argamassas frente à carbonatação. Empregou-se 3 teores de fíler calcário (15%, 25% e 35%), e relação água/cimento (a/c) iguais a 0,42;0,50 e 0,58. Foram realizadas as caracterizações químicas, mineralógicas e físicas do cimento Portland CP V e do fíler calcário calcítico. Avaliou-se, em argamassas, a resistência mecânica e absorção de água de amostras não carbonatadas, bem como a profundidade de carbonatação, em amostras expostas à condições aceleradas, por aspersão de fenolftaleína. Os efeitos da carbonatação em pastas de cimento e fíler foram analisados por difratometria de raio X (DRX), termogravimetria (TG) e espectroscopia de reflectância. Os resultados de resistência e absorção de água indicaram que o teor de 25% de fíler calcário retornou o melhor desempenho. O coeficiente de carbonatação, obtido a partir dos resultados de profundidade carbonatação em argamassa, é influenciado principalmente pela relação a/c do que pelo teor de fíler. As análises por DRX e TG mostraram o consumo da portlandita e a formação da calcita pela carbonatação. Destaca-se a identificação, por DRX, de polimorfos de carbonato de cálcio em pastas a partir dos 28 dias de exposição à carbonatação acelerada, até então não relatados pela literatura em estudos de cimento Portland. Os resultados de espectroscopia de reflectância apontaram a presença de carbonato, indicando que é uma técnica promissora, mas que ainda exige um volume maior de análises para permitir uma melhor interpretação de resultados de pastas de cimento.