Abstract:
O estudo tem por objetivo estimar os multiplicadores fiscais dos gastos do Governo Central do Brasil para diferentes estados da economia e diferentes regimes monetários no período de 2000 a 2018. O estudo inova com a utilização de uma série de gasto exógena construída com a abordagem narrativa proposta por Romer e Romer (2010), Favero e Giavazzi (2012) Ramey e Zubairy (2018). Para a primeira etapa são utilizados os modelos: (i) Jordà Local Projections Method (LP), (ii) VAR Bayesiano – BVAR e, (iii) VAR estrutural – SVAR para estimar os efeitos multiplicadores com três especificações diferentes para dados trimestrais: (i) gasto exógeno, gastos do governo e produto, (ii) gastos do governo e produto e, (iii) gasto exógeno e produto. Para a segunda etapa, o gasto exógeno será utilizado com instrumento para as estimativas dos multiplicadores com base de dados mensais e em diferentes estados da economia e diferentes regimes monetários com a utilização de variáveis instrumentais e o método de Jordà. Os multiplicadores são calculados em forma de integral, sem a utilização de conversões em logaritmos, seguindo Gordon e Krenn (2010), evitando viés nas estimações. De modo geral os principais resultados encontrados são que os multiplicadores fiscais apresentam estimativas menores do que a unidade. Para estimativas com dados trimestrais, com gastos exógenos e sem considerar o estado da economia os multiplicadores foram de 0,48 e 0,83 para os períodos de um e dois anos, e maiores do que a unidade (1,14 e 1,31) para três e quatro anos, com possível viés nestes últimos resultados em função de não considerar o estado da economia. Para choques de gastos do governo os multiplicadores atingem 0,92 no terceiro ano com método de Jordà Local Projection. Ainda, observa-se um viés de baixa nas estimativas com modelos SVAR e BVAR. Para dados mensais os resultados encontrados demonstram que os multiplicadores não são maiores do que a unidade nos diferentes estados da economia e nem em períodos em que a taxa de juros esteja abaixo da sua tendência de longo prazo. Observa-se que somente choques na variável exógena não sejam capazes de aumentar os efeitos multiplicadores no curto prazo em diferentes estados da economia, podendo ainda, não serem considerados diferentes de zero nas estimativas dos coeficientes com utilização de gastos nominais do governo. Ainda, comprova-se o viés de alta do tamanho dos multiplicadores quando da utilização de gastos primários nas estimativas. De regra, os multiplicadores são maiores (0,87) em períodos de ociosidade da economia do que em períodos de expansão. Para diferentes regimes monetários, com juros baixos, o multiplicador atingiu no máximo 0,57. Por fim, os multiplicadores, na grande maioria, não apresentam diferença estatística entre os diferentes estados da economia.